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Boate Kiss: 'Aliviada', diz mãe de jovem morta em incêndio após condenação

Mara Dalforno, mãe de uma das 242 vítimas da boate Kiss, cumprimentou o promotor de Justiça David Medina após julgamento - Hygino Vasconcellos/Colaboração para o UOL
Mara Dalforno, mãe de uma das 242 vítimas da boate Kiss, cumprimentou o promotor de Justiça David Medina após julgamento Imagem: Hygino Vasconcellos/Colaboração para o UOL

Hygino Vasconcellos e Larissa Mauricio

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre e em São Paulo

10/12/2021 19h36Atualizada em 10/12/2021 20h01

A professora aposentada Mara Dalforno, de 61 anos, mãe de uma das 242 vítimas da boate Kiss, está "aliviada" com a condenação dos quatro réus pelo incêndio ocorrido na cidade de Santa Maria (RS), em 2013. Além das vítimas fatais, outras 636 pessoas ficaram feridas.

"Traz um respiro. A gente ficou aliviada. Não sabíamos o que esperar", disse, em entrevista ao UOL, momentos após o juiz Orlando Faccini Neto proferir a sentença do júri.

Dois sócios da Kiss e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira foram condenados a penas que variam de 18 a 22 anos por dolo eventual, ou seja, quando, mesmo sem desejar o resultado, se assume o risco de matar.

"Isso é o que mais a gente esperava, que eles fossem condenados e muito bem condenados, com anos pela frente para pensarem em tudo o que fizeram. Afinal, 242 pessoas não é pouco, né? Se uma pessoa é muito, imagina 242", afirmou Mara.

Ela relembrou que a filha avisou sobre a ida para a festa na boate Kiss naquele dia. A aposentada contou que, na ocasião, se preocupou apenas com o retorno da jovem para casa.

Ela me ligou na hora em que estava saindo da festa e eu falei: 'Vai de Uber, que é seguro'. A única preocupação da gente é na rua, mas estava lá dentro o pior. Ela não conseguiu sair de lá."
Mara Dalforno, mãe de uma das pessoas que morreram no incêndio da boate Kiss

Condenação de todos os réus

Após dez dias de julgamento, o júri decidiu hoje pela condenação dos quatro réus acusados pelo incêndio na boate Kiss.

Os dois sócios da boate — Elissandro Callegaro Spohr, conhecido por Kiko, e Mauro Londero Hoffmann — e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira — o produtor Luciano Bonilha Leão e o vocalista, Marcelo de Jesus dos Santos — foram considerados culpados por dolo eventual na tragédia.

As penas foram definidas assim:

  • Elissandro Spohr - 22 anos e seis meses de prisão
  • Mauro Hoffmann - 19 anos e seis meses de prisão
  • Luciano Bonilha - 18 anos de prisão
  • Marcelo de Jesus - 18 anos de prisão

Ainda cabe recurso, mas o regime inicial é fechado. O juiz havia pedido a prisão imediata, com dispensa de algemas, para que eles "fossem conduzidos com toda a dignidade" para a cadeia, mas em seguida recebeu um habeas corpus preventivo, feito pela defesa de Spohr, e suspendeu a execução da sentença para todos os condenados, por entender que deveria ser estendido o benefício a todos igualmente.

Ao UOL, o juiz disse que o HC não é uma frustração e cabe ao magistrado respeitar o direito dos condenados. "Como juiz, não tenho outra alternativa a não ser respeitar", disse Faccini Neto. "Cabe-me respeitar. É uma decisão liminar. Aguardemos o resultado. Procurei realizar o júri e dar de mim o melhor."