Topo

Boate Kiss: Ministério Público vai recorrer por sentença maior para réus

A promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari, membro do Ministério Público - Juliano Verardi/TJRS
A promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari, membro do Ministério Público Imagem: Juliano Verardi/TJRS

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

10/12/2021 21h59Atualizada em 10/12/2021 21h59

A promotora de Justiça Lucia Helena Callegari afirmou que vai recorrer da decisão que condenou os quatro réus acusados pelo incêndio na boate Kiss, ocorrido em Santa Maria (RS), em 2013. A sentença foi proferida no começo da noite de hoje.

"Eu imaginava uma pena um pouco mais alta. Eu vou recorrer, buscando aumentar, mas talvez não vá conseguir reverter para aumentar muito, talvez fique isso mesmo. Não podemos dizer que foi uma pena inadequada no seu total, mas eu esperava um pouquinho mais", disse a representante do MP.

Foram sentenciados por dolo eventual, ou seja, quando, mesmo sem desejar o resultado, se assume o risco de matar, os dois sócios da boate —Elissandro Callegaro Spohr, conhecido por Kiko, e Mauro Londero Hoffmann— e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira —o produtor Luciano Bonilha Leão e o vocalista, Marcelo de Jesus dos Santos.

As penas foram lidas pelo juiz Orlando Faccini Neto, mas não na íntegra, sendo o resultado anexado na totalidade no processo. Ele considerou "elevada a culpabilidade dos réus". As penas foram definidas assim:

  • Elissandro Spohr - 22 anos e seis meses de prisão
  • Mauro Hoffmann - 19 anos e seis meses de prisão
  • Luciano Bonilha - 18 anos de prisão
  • Marcelo de Jesus - 18 anos de prisão.

Ela criticou o HC (habeas corpus) preventivo que suspendeu a execução da sentença para todos os condenados pela tragédia. A medida evitou o cumprimento imediato da decisão. Enquanto essa liminar não for julgada por três desembargadores, eles permanecem em liberdade.

Ao UOL, a promotora disse que o HC era esperado, assim como a condenação por homicídio doloso com possibilidade de prisão. "Lamento porque a sensação que temos é que talvez a justiça não fique tão completa para as famílias, que esperavam não sair pela mesma porta que os réus", disse.

Ela afirmou que eventualmente a fase de recursos para os condenados irá acabar, para que "cumpram a pena pelo que fizeram".

Todo mundo diz: 'Estou aqui para assumir minhas responsabilidades', então que se assuma a responsabilidade e a hombridade de ser recolhido [preso]. Eu esperava esta hombridade hoje."
Lucia Helena Callegari, promotora de Justiça

O que dizem os advogados

O advogado Tomás Gonzaga, que defende o produtor Luciano Bonilha, também disse que vai recorrer da decisão. "Buscamos a anulação deste plenário. O Luciano é inocente."

Já o advogado Bruno Menezes, da banca de defesa de Mauro Hoffmann, disse que respeita a decisão "mesmo não concordando" e que, a partir da semana que vem, vai analisar os recursos cabíveis.

Procurado, o advogado Jader Marques disse pela sua assessoria de imprensa que não iria se manifestar. A reportagem tentou também contato com a advogada Tatiana Borsa, que defende Marcelo de Jesus dos Santos, mas não conseguiu contato.