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Cabeleireira relata pergunta de Henry a Monique: 'Mamãe, eu te atrapalho?'

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

14/12/2021 12h41

A cabeleireira Tereza Cristina dos Santos relatou hoje em audiência que Henry Borel, de 4 anos, perguntou à mãe, Monique Medeiros, se ele a atrapalhava. Segundo ela, o diálogo aconteceu em uma chamada de vídeo no momento em que Monique estava em um salão de beleza na Barra da Tijuca, no dia 12 de fevereiro.

De acordo com Tereza, a babá Thayná de Oliveira Ferreira fez uma ligação para avisar Monique que Henry estava mancando e com o joelho machucado, supostamente agredido por Jairinho, então padrasto. Na ligação, feita por chamada de vídeo, Tereza conta ter visto a imagem do menino em um corredor.

Em determinado momento, Henry perguntou "mamãe, eu te atrapalho?", ouvindo como resposta da mãe que ele jamais a atrapalhou.

Tereza conta ter ouvido também que Monique "iria embora", caso a babá fosse demitida, porque Thayná "cuidava muito bem da criança" —essa conversa supostamente teria ocorrido com Jairinho.

Nos autos do processo, consta que naquele dia 12 de fevereiro —cerca de um mês antes da morte do menino— Henry foi agredido pelo padrasto. O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) defende que Monique se omitiu nesse episódio, já que foi comunicada das agressões e continuou no salão de beleza, fazendo tratamento de hidratação nos cabelos.

Em seu depoimento na 2ª Vara Criminal do Rio, Tereza contou que Monique recebeu a ligação enquanto estava fazendo a hidratação. Depois, ainda fez uma escova no cabelo. De acordo com a cabeleireira, a mãe de Henry só pediu para acelerar o processo ao final da escova, quando já estava cuidando da franja.

Defesa de Monique tem atrito com juíza

Durante o depoimento de Tereza, o advogado Hugo Novais, da defesa de Monique, teve um atrito com a juíza Elizabeth Louro. Novais questionava detalhes do depoimento anteriormente prestado por Tereza à Polícia Civil.

Na transcrição do depoimento consta os nomes de Thayná e Jairinho, no relato dos diálogos, mas Tereza contou que jamais disse o nome de Jairinho e que só soube que a babá chamava Thayná após notícias na imprensa.

Novais questiona, então, a credibilidade da transcrição feita pela Polícia Civil, uma vez que teriam sido incluídas informações não ditas pela depoente. "O depoimento dela imputa tortura e omissão aos réus, é importante", disse Novais. A juíza afirmou que sim, é importante, e pediu prosseguimento, porque não julgava importante a inclusão de um nome.

Louro afirmou que é práxis da polícia redigir os depoimentos "dessa forma" e que Novais sabia disso. "O que não posso é deixar você discutir isso por meia hora", completou a juíza.

Quando Novais afirmou que iria pedir acareação com o delegado Henrique Damasceno, responsável pelas investigações, a juíza reagiu. "Por favor, doutor, prossiga e depois peça sua acareação".