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Colégio de BH fala em 'profundo repúdio' após aluno sofrer racismo

Do UOL, em São Paulo

20/12/2021 14h13

O Colégio Cristão Ver disse ver com "profundo repúdio" os atos racistas sofridos por um aluno de 14 anos em um grupo de WhatsApp formado por seus colegas de classe. Nas mensagens, os alunos chegaram a citar frases como "saudades de quando preto era escravo".

Em nota, a escola de Belo Horizonte informou que é presidida por um diretor negro e tem uma maioria negra e parda nos comitês diretivos e viu com "indignação" as falas divulgadas contra o aluno.

"Com indignação patente, a comunidade do Colégio Ver manifesta sua irrestrita solidariedade ao aluno, à sua família e toda a sociedade que é ofendida com o posicionamento discriminatório. Esperamos que as autoridades competentes apurem os fatos e responsabilizem os agressores, deixando claro que, como entidade educacional Cristã, que prega o amor, a solidariedade e o perdão, tal incumbência não é de nossa alçada", diz o comunicado divulgado nas redes sociais do colégio.

O caso aconteceu na semana passada. Um colega do aluno que foi alvo dos comentários tirou prints das conversas no grupo e encaminhou ao amigo para alertá-lo. O jovem mostrou as conversar para o pai, que procurou a Delegacia da Criança e do Adolescente.

Ao UOL, o pai do garoto contou que o grupo foi criado pelos próprios alunos da escola para estudarem conteúdo de uma prova que seria aplicada. Logo depois de criado, Alexandre conta que seu filho começou a ser excluído e isolado das conversas.

O garoto então decidiu sair do grupo e, logo em seguida, começaram os ataques racistas. "Que bom que o 'neguin' não tá, já não aguentava mais preto naquele grupo" [sic], disse um dos alunos; outro disse "nem sabia que preto estudava".

"Eu fiquei estarrecido, o dia acabou para mim", conta o pai, que, ao procurar a coordenação pedagógica da escola, disse que eles se solidarizaram e marcaram uma reunião no último sábado. "Pensei que seria apenas eu, só que os pais dos outros alunos também estavam", disse.

Ele relatou então que alguns dos pais presentes na reunião tentaram minimizar o caso de racismo sofrido pelo aluno. Um dos estudantes que publicaram as mensagens racistas no grupo tinha ido inclusive à casa do menino no início do mês passado para um churrasco.

"Eles se desculparam, mas o leite já foi derramado. "Traumatizado com o racismo sofrido, o garoto está com sintomas de depressão, conta o pai. "Eles bateram muito forte não só na minha família, mas no meu filho também", afirmou.