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Em emergência, cidades baianas apelam por medicamentos, água e voluntários

Carlos Madeiro

Colaboração para UOL, em Maceió

28/12/2021 12h17Atualizada em 28/12/2021 14h31

Com a água dos rios baixando, cidades atingidas pelas chuvas no sul e sudoeste baiano começam a entrar na fase de limpeza e assistência aos desabrigados e estão apelando por doações.

Com prédios públicos e estoques afetados, prefeituras estão pedindo produtos como medicamentos, insumos, comida e água mineral, além de solicitar que profissionais de saúde e voluntários ajudem no apoio às vítimas das maiores enchentes do século no estado.

"Em alguns locais, 100% de todo o medicamento e de todas as vacinas foram perdidas, porque algumas secretarias municipais de saúde e os depósitos de medicamentos ficaram embaixo d'água completamente", afirmou o governador Rui Costa (PT). O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prometeu enviar insumos e vacinas para o estado (leia mais abaixo).

Segundo o último balanço do governo, as chuvas já deixaram 20 mortes, 358 feridos, 31.405 desabrigados e 31.391 desalojados. O número de municípios afetados chega a 116, sendo que 100 deles já decretaram situação de emergência.

Anúncio em redes sociais da Secretaria de Saúde de Itabuna  - Reprodução - Reprodução
Anúncio em redes sociais da Secretaria de Saúde de Itabuna
Imagem: Reprodução

A Secretaria de Saúde de Itabuna lançou hoje um apelo para receber doação de antibióticos, fitas para testagem de glicemia, além de máscaras, luvas, soro fisiológico e álcool gel.

A prefeitura também está recrutando profissionais de saúde para atuar nos abrigos públicos montados na cidade.

A situação não é diferente em outros municípios da região.

A prefeitura de Jequié informou, nesta manhã, que está necessitando da doação de feijão, arroz e farinha, além de necessitar de voluntários para ajudar a fazer triagem das roupas doadas e na montagem de cestas de alimentos doadas.

O prefeito Zé Cocá (PP) afirma que as autoridades já tiveram acesso a pelo menos 95% da população de Jequié, mas que faltam ainda acessos a locais rurais isolados.

A maior preocupação na cidade é com o rio de Contas que segue levando muita água e elevando o nível da barragem da Pedra. "Ela está recebendo 2.500 m³/s, mas só está saindo cerca de 800 m³/s. Isso nos preocupa", diz.

Em Itororó, imagens da prefeitura mostram como o posto de saúde Ruy Costa foi alagado, e o material foi destruído.

Em Gandu, por conta das chuvas, a vacinação de covid-19 foi suspensa e só deve voltar no próximo dia 3, caso haja condições.

A prefeitura também lançou um pix para receber doações e pediu para que voluntários ajudem. O município informou que água mineral, alimentos não perecíveis e materiais de higiene são prioridades.

Ontem, após nível da água baixar, a prefeitura iniciou um mutirão de limpeza da cidade, que teve diversas áreas alagadas.

A prefeitura vizinha de Santo Estevão também lançou apelo pedindo roupas, alimentos e material de higiene.

Em Coaraci, a prefeitura também lançou um pix oficial para receber doações de pessoas de fora para ajudar na compra de donativos aos desabrigados. Ao lado dela, Itajuípe pede voluntários para ajudar no apoio às vitimas.

Em Medeiros Neto, as águas baixaram bastante de ontem para hoje, e os cinco bairros que estavam isolados já recebem veículos terrestres após ficaram inacessíveis. A prefeitura está realizando um mutirão de limpeza.

Ainda segundo a prefeitura, apenas algumas ruas e casas na área ribeirinha ainda estão com volume de água alto, e as famílias ainda não conseguem ter acesso aos imóveis.

Governo federal promete ajuda

Em entrevista coletiva após sobrevoar as regiões mais afetadas no Estado, Queiroga disse que o Ministério da Saúde editou uma portaria liberando de R$ 12 milhões para a área afetada pelas enchentes, sendo R$ 7 milhões só para Bahia.

"A Secretaria de Vigilância à Saúde já está aqui na região, atuando. Só aqui para a região sul [da Bahia] já encaminhamos cinco kits, com mais de uma tonelada de insumos. Vamos reforçar a vacina da cobertura da gripe. Vamos trazer mais, nesse primeiro momento, 100 mil unidades dessa vacina. Vacina para hepatite A", declarou.

O ministro também prometeu enviar médicos ao estado. "Médicos da Força Nacional, que são médicos emergencistas, vão começar a chegar. E agora no começo do ano, também, médicos para dar cobertura na atenção primária. Traremos cerca de 900 médicos que integram o programa de médicos na atenção primária."

Maior chuva em 32 anos

O Inema (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) informou hoje que a Bahia enfrenta a pior chuva para o mês de dezembro desde 1989, com cidades como Itamaraju com registro de 769,8mm de chuva, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o que representa mais do quíntuplo da sua climatologia de dezembro (148 mm).

O governo da Bahia anunciou hoje que vai lançar um auxílio financeiro para as famílias atingidas, dentro do programa Estado Solidário. O valor da ajuda ainda será definida e divulgada.

A Secretaria de Saúde da Bahia também lançou campanha para garantir o estoque e evitar desabastecimento de sangue ao atender os pacientes vítimas da tragédia no sul do estado.

Também foi anunciada a extensão da tarifa social da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) a todas as residências, comércios e prestadores de serviços que tiveram prejuízos com as enchentes. A Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia) também se comprometeu a doar mais 1000 geladeira.

As operações de resgate continuam com o emprego de 11 aeronaves. As ações humanitárias ocorrem em 72 municípios baianos que foram mais atingidos pelas chuvas.