'Racismo não será tolerado', diz americano após briga em hotel no Rio
O produtor norte-americano H. L. Thompson, que se envolveu em uma briga no Hotel Hilton de Copacabana, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (30), deu a sua versão da história sobre o episódio. Ele explica que deu um soco em um homem ao ser chamado pejorativamente de "homem negro".
Na cultura norte-americana, há um termo para tal ofensa e Thompson sequer o transcreveu completamente em seu relato. Em seu Instagram, o produtor afirma que "racismo não será tolerado". O homem nocauteado é um alemão que estava acompanhado de uma brasileira. De acordo com Thompson, o casal iniciou a confusão após ser impedido de "furar a fila" na recepção do hotel.
Por ser "cliente diamante" da rede Hilton, Thompson tem atendimento preferencial. Em seu relato nas redes sociais, o produtor conta que o casal tentava "invadir seu espaço", mesmo após um pedido para se manterem distantes.
A Polícia Civil, que investiga o caso, não divulgou a identidade do casal, que registrou boletim de ocorrência. O UOL não os localizou.
Ainda em seu relato, Thompson afirma que "estava cuidando das suas coisas" quando a dupla "bêbada e irritante" o xingou. As imagens mostram a mulher, que usava apenas biquíni, segurando a cabeça de Thompson e tirando seu boné. O produtor afirma que houve falha na segurança.
Em seu Instagram, Thompson publicou mensagem em que diz que o racismo "não será tolerado".
"Não somos nossos ancestrais, o comportamento racista não será tolerado em nenhum nível, o preto é lindo e, se isso te deixa desconfortável, isso é problema seu, não nosso. Eu amo minha pele negra e não odeio as lindas bênçãos de Deus", escreveu ele.
A publicação é acompanhada pela imagem do ex-congressista americano John Lewis (1940-2020), líder do movimento por direitos civis nos Estados Unidos. Na foto, há a citação do político que diz que "nunca, jamais tenha medo de fazer algum barulho e se meter em uma boa encrenca, uma encrenca necessária".
Nos comentários, diversas pessoas escreveram mensagens de apoio ao produtor.
"O privilégio fará as pessoas pensarem que podem colocar as mãos em alguém e não lidar com as consequências. Você deve denunciá-los à polícia, racismo no Brasil é um crime federal e eles precisam ser processados", escreveu um seguidor.
"Não errou em absolutamente nada", escreveu outro. "Você tem total o meu apoio", acrescentou um terceiro.
O vídeo da briga viralizou primeiramente no Twitter com um texto em inglês. A mensagem antecipa que a confusão começou porque a brasileira e o alemão não aceitaram que o americano fosse atendido antes deles. O produtor respondeu à publicação:
"Eles disseram que eu os ataquei [...]. O Hilton não deixou que eu encontrasse a polícia. Fui para um Airbnb [plataforma para aluguel de imóveis] que também havia alugado. Estava no Hilton para minha festa", explicou o norte-americano nas redes.
O que diz o hotel
Procurado pelo UOL, o Hilton disse que está ciente do vídeo e afirmou que está cooperando com a polícia.
"Estamos cientes de que foi divulgado um vídeo mostrando um trecho de uma briga entre hóspedes do Hilton Rio de Janeiro Copacabana. Continuamos cooperando com a polícia em sua investigação", diz a nota enviada à reportagem.
A reportagem também questionou o hotel sobre as declarações do produtor norte-americano H. L. Thompson sobre o caso.
"O Hilton tem uma política de tolerância zero contra o racismo ou discriminação de qualquer tipo. Nosso objetivo é ser acolhedor e hospitaleiro para todos que entram por nossas portas", disse a empresa, por meio de nota.
O casal registrou um boletim de ocorrência na Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo) e, segundo a polícia, relatou apenas ter sido agredido por um dos hóspedes do hotel que teria fugido do local.
*Com colaboração de Marcela Lemos, no Rio
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