Enchentes invadem casas e deixam desabrigados no Maranhão, Pará e Tocantins
As fortes chuvas que atingem o Maranhão desde o final do ano passado fizeram rios transbordarem, ocuparem as ruas e invadirem casas, principalmente nas regiões central e sudoeste do estado. Pará e Tocantins também sofrem com as chuvas, que provocaram a cheia do rio Tocantins — nos dois estados, ao menos 1.400 famílias tiveram de deixar suas casas.
No Maranhão, há 695 famílias desalojadas ou desabrigadas, seis cidades em estado de emergência (Mirador, Grajaú, Barra do Corda, Jatobá, Paraibano e Formosa da Serra Negra) e outras seis em alerta (Trizidela do Vale, Pedreiras, Itapecuru Mirim, Santa Rita, Pirapemas e Cantanhede), segundo o governo estadual. Não há registro de mortes.
Mirador inundada
A situação é pior na cidade Mirador, onde a elevação do nível do rio Itapecuru destruiu casas históricas e interditou vias públicas por causa da queda de pontes. Mais de 200 famílias estão desabrigadas, mas cerca de 6 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas.
A prefeita Domingas Cabral (Republicanos) decretou estado de calamidade pública e disse que foi a maior enchente de toda a história do município.
Segundo a Defesa Civil, a elevação do rio Itapecuru foi de 8 metros na última quarta-feira (5) e foi emitido um alerta a municípios próximos, como Itapecuru-Mirim, Coroatá, Pirapemas, Cantanhede, Santa Rita e Rosário.
Seis abrigos foram montados pela prefeitura para ajudar quem perdeu tudo na inundação. Hoje, o volume do rio diminuiu e algumas ruas já foram liberadas, mas o nível de atenção continua e os bombeiros começam a remover outras famílias em áreas de risco.
Outras cidades
Colinas é outra cidade banhada pelo rio Itapecuru que foi afetada pelas chuvas. A prefeita Valmira Miranda (Republicanos) afirmou que o rio está oito metros acima do leito no município.
Estradas de acesso a povoados estão interditadas porque açudes transbordaram e pontes desabaram. Ontem, as primeiras casas começaram a ser atingidas pela água na área urbana.
A estimativa dos bombeiros é de mais de 200 famílias prejudicadas. Algumas já foram levadas para abrigos e recebem aluguel social.
Em Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão, 241 famílias estão desabrigadas ou desalojadas, segundo o Corpo de Bombeiros. Na cidade, o nível do rio Tocantins teve uma elevação de 9,4 metros, mas o volume de água segue estável nos últimos dias.
A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros levaram centenas de moradores de Imperatriz a abrigos improvisados, como escolas e igrejas. Ontem, militares do Exército também prestaram auxílio às famílias.
Na mesma região, em Governador Edison Lobão, uma erosão na pista bloqueou a BR-010, na segunda-feira (3). Somente dois dias depois, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) concluiu o conserto do pavimento.
Já em Grajaú, a água também invadiu ruas e avenidas, deixando dezenas de famílias desabrigadas. Na região central do estado, existe um plano de ação montado pelo Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar devido a tendência de elevação de 4,82 metros do rio Mearim.
Ações e doações
Uma sala de situação foi criada pelo Corpo de Bombeiros para monitorar as informações meteorológicas e gerenciar a operação de auxílio aos municípios.
Em substituição ao governador Flávio Dino (PSB), que está com covid-19, o vice-governador, Carlos Brandão (PSDB), está fazendo vistoria nas cidades prejudicadas pelas chuvas.
Foram enviados militares dos bombeiros para ajudar a Defesa Civil e agentes municipais na distribuição de roupas, alimentos e medicamentos para as famílias que estão em abrigos.
Ao UOL, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, major José Lisboa, declarou que a situação é grave.
"Consideramos grave a situação no estado porque afeta milhares de pessoas e gera bastante prejuízo. Felizmente, não contabilizamos nenhuma morte. Avaliamos que ainda estamos no início do período chuvoso, portanto, seguiremos com o apoio que for necessário à população afetada. Estamos com cerca de cem bombeiros nas operações. Porém, se formos considerar todos os que estão estabelecidos em suas unidades e que estão ajudando, então temos 200 militares", afirmou.
Em Mirador, foi montado um ambulatório para realizar atendimentos de baixa complexidade a pessoas que não conseguem chegar ao hospital. Profissionais da Fesma (Força Estadual de Saúde) também foram deslocados e estão visitando os povoados isolados com o auxílio de helicóptero.
Além disso, a Cruz Vermelha iniciou uma campanha de doação e abriu um ponto de coleta em um shopping de São Luís. Podem ser doados roupas, itens de higiene e alimentos não perecíveis para os municípios afetados.
Previsão do tempo
Segundo a meteorologia, ainda devem ocorrer de fortes chuvas em todo o estado. Em Imperatriz, a prefeitura emitiu um alerta amarelo porque o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê chuvas com ventos de até 60 km/h ainda hoje e também para o sábado.
"Até o momento, as parciais ainda indicam chuvas abaixo do normal para o mês de janeiro, contando todo o estado. Mas, em especial para a região central do estado, continua a previsão de chuva mais intensas nos próximos dias", afirmou o Hallan Cerqueira, meteorologista do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão.
Rio Tocantins
A cheia do rio Tocantins também afeta outros estados. No Pará, a principal cidade afetada é Marabá, onde 565 famílias foram afetadas, sendo 248 levadas a abrigos e 317 deslocadas para a casa de parentes, segundo a Defesa Civil. A Prefeitura já decretou situação de emergência, mas não há registro de mortes.
O nível do rio Tocantins na cidade atingiu a marca de 11,5 metros, segundo o governo. A Semas (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade) estima ainda que o rio deve continuar com nível elevado por ao menos mais uma semana, já que existe previsão de chuvas volumosas, de até 100 mm, nos próximos dias.
Outra preocupação é com a estrutura das hidrelétricas. Segundo o Corpo de Bombeiros, das 23 comportas da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, 20 já foram abertas para dar vazão ao rio Tocantins, já que o volume de chuvas na região está acima do normal. Há a possibilidade de todas as comportas serem abertas para equilibrar o nível do rio.
Em paralelo, órgãos de Segurança Pública do Pará estão organizando estratégias de atendimento e organizando a entrega de 2.500 mil kits de ajuda humanitária às famílias atingidas.
Já no Tocantins, após o governador Wanderlei Barbosa (sem partido) decretar situação de emergência em todo o estado, vários órgãos foram mobilizados para atuar nas regiões afetadas pelas chuvas. Também não há registro de mortes em decorrência dos temporais.
No estado, já são 328 desabrigados e 516 desalojados, segundo o governo, nas cidades de Araguanã, Axixá do Tocantins, Paranã, Rio dos Bois, Pedro Afonso, Tupirama, Tupiratins, Palmeirante, Bom Jesus, São Sebastião, São Miguel, Sampaio e Itaguatins.
Hoje, equipes do governo, gestores de assistência social dos municípios, e representantes da SNAS (Secretaria Nacional de Assistência Social) do Ministério da Cidadania se reuniram para encontrar estratégias de socorro às famílias desabrigadas, incluindo apoio financeiro.
Em outra frente, o governo estadual está entregando cestas básicas às famílias e dando apoio no deslocamento para locais seguros. O trabalho é realizado por equipes dos bombeiros, agentes da defesa civil, membros do Exército e voluntários.
A Ageto (Agência Tocantinense de Transporte e Obras) também trabalha para consertar 15 trechos de rodovias que foram impactados pela água nas últimas semanas.
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