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Capitólio (MG): Rocha desaba e atinge lanchas; bombeiros confirmam 8 mortes

Thaís Augusto, Rayanne Albuquerque, Gilvan Marques e Rafael Neves

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

08/01/2022 13h25Atualizada em 09/01/2022 10h43

Uma rocha se soltou de um paredão em um cânion e atingiu quatro lanchas, em Capitólio, cidade turística de Minas Gerais, localizada a 284 km de Belo Horizonte. Imagens do desabamento foram gravadas por turistas que estavam em outras embarcações. Sete mortos foram confirmados ainda no local, no sábado (8). A oitava vítima foi localizada submersa, no domingo (9). Duas pessoas continuam desaparecidas, segundo informação do Corpo de Bombeiros.

Ao todo, 27 vítimas foram atendidas e liberadas, sendo 23 na Santa Casa de Capitólio e quatro na Santa Casa de São José da Barra. Três seguem hospitalizadas: duas na Santa Casa de Piumhi (com fraturas expostas) e uma na Santa Casa de Passos, com quadro estável. Uma mulher que teve dilaceração na orelha e foi levada para Passos recebeu alta no domingo.

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, quatro embarcações sofreram impacto —direta e indiretamente— após o desabamento da pedra. São elas:

  • Lancha EDL: 14 pessoas socorridas com vida;
  • Lancha Jesus: dez pessoas estavam na embarcação antes do acidente; oito mortos foram localizados. Os dois desaparecidos estavam nesta lancha;
  • Lancha vermelha (sem nome): dez pessoas socorridas com vida;
  • Nova Mãe: oito pessoas socorridas com vida.

A corporação justificou a diminuição substancial no número de desaparecidos —de 20 para três, agora— porque muitas pessoas foram socorridas por embarcações que estavam na região e foram levadas por meios próprios para unidades hospitalares. Assim sendo, inicialmente elas foram classificadas como desaparecidas.

As autoridades estimam que de 70 a 100 pessoas estavam no local, agora isolado e fechado. A Marinha do Brasil informou que vai instaurar inquérito para "apurar causas, circunstâncias do acidente/fato ocorrido".

O Corpo de Bombeiros disse ainda que atua no local com apoio de cerca de 40 militares, uma equipe de mergulhadores especializados e uma aeronave Arcanjo 08, caso seja necessário a transferência de uma das vítimas para Belo Horizonte. O trabalho de mergulho foi interrompido à noite, em razão de segurança das guarnições.

A Polícia Civil, por sua vez, anunciou que os peritos criminais também foram até o local do desabamento para identificar os danos e as causas do acidente. Os corpos das vítimas serão encaminhados para IML de Passos, onde será feito exame necroscópico para saber causa de morte, para saber se houve afogamento, politraumatismo contuso e exame toxicológico.

Mapa - acidente Capitólio - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Zema lamenta, Bolsonaro comenta

O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), lamentou o acidente por meio de mensagem publicada nas redes sociais e disse acompanhar o caso desde os primeiros momentos. Mais tarde, em entrevista à GloboNews, ele informou que deve ir a Capitólio no domingo (9).

Sofremos hoje a dor de uma tragédia em nosso estado, devido às fortes chuvas, que provocaram o desprendimento de um paredão de pedras no lago de Furnas, em Capitólio. O governo de Minas está presente desde os primeiros momentos através da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros."
Romeu Zema, nas redes sociais

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) não fez menção às famílias das vítimas, mas definiu a tragédia como um "lamentável desastre".

"Tão logo aconteceu o lamentável desastre em Capitólio (MG), a Marinha deslocou para a região equipe de socorro da Força. Desde então, a Marinha vem atuando no resgate de vítimas e transporte de feridos para a Santa Casa local. A Marinha atua ao lado do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, bem como de outros órgão oficiais e voluntários", publicou.

Imagem impressiona

Em vídeo que viralizou pelas redes sociais é possível ver que o impacto das pedras causa uma forte onda e atinge lanchas no local. Várias pessoas que estavam em outras embarcações entram em desespero ao ver a imagem do desabamento. (Assista ao vídeo acima)

De acordo com o tenente Pedro Aihara, porta-voz da corporação em Minas, ao menos quatro lanchas foram diretamente atingidas pela rocha que desabou. Além da perícia na região, será feita uma avaliação no local para definir se há riscos de novos rompimentos.

"O normal é que aconteça desprendimento das rochas, pelas características delas, mas que sejam menores. E geralmente quando a gente tem esses escorregamentos planares, em que a rocha sai num bloco compacto, a forma de queda não costuma ser para frente", disse o tenente em entrevista. "Geralmente, ela cai na mesma posição. Dessa vez, a estrutura caiu como um dominó e o que atingiu as pessoas foi a parte de cima, numa trajetória perpendicular."

No fim da manhã, a Defesa Civil de Minas Gerais havia emitido um alerta para chuvas intensas na região de Capitólio com possibilidade de "cabeça d'água". "Evite cachoeiras no período de chuvas", diz o texto.

O UOL entrou em contato com cinco agências de turismo que organizam passeios de barco pela região. Nenhuma delas, porém, havia levado clientes a Capitólio hoje. Enquanto uma das empresas informou que não promove excursões em dias de chuva intensa, as demais afirmam não conseguiram formar grupos em número suficiente, devido ao mau tempo.

Como os parques não impõem restrições, a decisão de organizar excursões pelo local ou não fica a critério de cada agência. Também são frequentes passeios com lanchas particulares, segundo as empresas.