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Caso Henry: Defesa de Monique alega ameaças e pede prisão domiciliar

Retrato de Monique Medeiros no Instituto Penal Ismael Sirieiro. Ela é acusada pelo assassinato do filho Henry - Zô Guimarães/UOL
Retrato de Monique Medeiros no Instituto Penal Ismael Sirieiro. Ela é acusada pelo assassinato do filho Henry Imagem: Zô Guimarães/UOL

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

15/01/2022 04h00

A defesa de Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, pediu na sexta-feira (14) que a Justiça do Rio converta em domiciliar a prisão preventiva da pedagoga. De acordo com o pedido, um advogado identificado apenas como Fábio pediu para outra detenta para "passar recados" a Monique — o que a defesa da mãe de Henry considera uma ameaça.

A tentativa de comunicação narrada pela defesa acontece uma semana após a advogada Flávia Fróes, ligada ao ex-vereador Jairinho, ter visitado a mãe do menino no dia 7 deste mês. Monique afirma que houve tentativa de coagi-la a assinar um documento para assumir a culpa pela morte do filho.

Os advogados da pedagoga, Thiago Minagé e Hugo Novais, afirmam que o advogado identificado como Fábio, que tentou visitar Monique na quinta (13) e na sexta (14), no Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, assumiu ser amigo de Flávia.

Após a visita de Flávia a Monique, a defesa da mãe de Henry pediu o desmembramento do processo, além de imagens da visita e cópias do livro de visitas. Na sexta, a juíza Elizabeth Louro, responsável pelo processo, ordenou que a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) repasse informações a respeito do encontro e pediu que o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) opine sobre o desmembramento da ação.

Defesa de Monique teme insultos dentro da prisão

Agora, a defesa de Monique insiste no desmembramento do processo e pede a prisão domiciliar.

No documento anexado ao processo na sexta-feira (14), eles narram que Novais presenciou, no mesmo dia, no Instituto Penal, o advogado Fábio lendo em voz alta a uma outra detenta o pedido de desmembramento do processo. Segundo a defesa de Monique, a "finalidade seria fazer chegar [sabe-se lá qual tipo de conteúdo] recados à Monique Medeiros através desta detenta".

Os advogados também anexaram uma petição escrita à mão por Novais, em que ele narra à direção do presídio o episódio. "A defesa de Monique flagrou esta situação com temor e espanto, tendo receio que sua cliente sofra insultos físicos e/ou psicológicos", diz o texto.

Na quinta-feira (13), os advogados que defendem oficialmente Jairinho no processo divulgaram uma "carta de repúdio" à visita de Flávia.

"Manifestamos a nossa indignação acerca da conduta praticada pela advogada Flávia Fróes que, para além de antiética, caracteriza, em tese, deplorável prática delituosa". A nota termina dizendo que "a despeito de todo o ocorrido, continuamos confiantes de que Jairinho não teve qualquer participação nos fatos narrados pela defesa de Monique e certos de que tudo será devidamente apurado e esclarecido".

Advogada nega tentativa de coação e reafirma crer em inocência

Na terça-feira (12), o UOL revelou que Monique relatou à Justiça uma tentativa de coação por parte de Flávia para que a pedagoga assumisse a culpa pela morte do filho. O advogado de Flávia, Cláudio Dalledone, afirma em nota ser "fantasioso imaginar que Flávia Fróes foi até ao presídio buscar uma assinatura de um documento para inocentar Jairinho, já que ambos são inocentes".

A advogada afirma que foi contratada pelo deputado estadual Coronel Jairo (Solidariedade), pai de Jairinho, para fazer uma investigação defensiva. Ela sustenta que falta de "materialidade da culpa" de Monique e Jairinho na morte de Henry. Dalledone afirma que Monique e seus advogados serão acionados judicialmente.

Monique e Jairinho foram presos em 8 de abril do ano passado. Os laudos periciais apontam 23 lesões no corpo do menino, e que Henry morreu em decorrência de hemorragia interna e laceração no fígado causada por ação contundente. Ele estava no apartamento com a mãe e o padrasto, na Barra da Tijuca, zona oeste, na noite em que morreu.