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Mãe de Henry relata ameaça por advogada ligada a Jairinho; defensora nega

Retrato de Monique Medeiros no Instituto Penal Ismael Sirieiro. Ela é acusada pelo assassinato do filho Henry - Zô Guimarães/UOL
Retrato de Monique Medeiros no Instituto Penal Ismael Sirieiro. Ela é acusada pelo assassinato do filho Henry Imagem: Zô Guimarães/UOL

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

12/01/2022 22h44

A pedagoga Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, afirma ter sofrido na cadeia ameaças de Flávia Fróes, advogada ligada à família de Jairo Souza Santos, o Jairinho, padrasto da criança. Segundo a defesa de Monique, a intimidação tinha como objetivo inocentar o ex-vereador no processo que apura a morte do menino aos 4 anos em março do ano passado.

Flávia confirmou a visita a Monique na última sexta-feira (7), mas negou ter feito ameaças. A mãe de Henry sustenta, segundo informou sua defesa ao UOL, que a advogada tentou coagi-la a assinar um documento para assumir a culpa pela morte do filho.

Ao recusar o pedido da advogada, a mãe de Henry diz ter sido mais uma vez intimidada. Monique disse a Thiago Minagé, um de seus defensores, ter ouvido de Flávia que "dariam um jeito de me transferir ou me pegar aqui dentro".

Na terça-feira (11), quatro dias após a visita, Monique foi transferida do Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, zona norte carioca, para o Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, na zona oeste. A Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) afirmou que a transferência aconteceu por uma "mudança de perfil" no atendimento do antigo presídio em que Monique estava.

"Desde o dia 3 de janeiro, o Instituto Penal Oscar Stevenson mudou o perfil de atendimento e houve a necessidade de realocação das presas provisórias que possuem nível superior de ensino para o Instituto Penal Santo Expedito, no Complexo de Gericinó. Sete presas foram transferidas para unidade que possui condições de atender o perfil da interna Monique Medeiros", disse a Seap.

O que diz a advogada ligada a Jairinho

Jairinho e Monique respondem na Justiça por homicídio triplamente qualificado —após a prisão em abril, a defesa dos réus, até então unificada, foi separada.

Flávia Fróes, que não faz parte do time de advogados que representa Jairinho no processo criminal, disse ao UOL que é contratada pela família do réu para fazer uma "investigação defensiva".

Segundo ela, na ocasião da visita ao presídio, buscava com Monique obter mais detalhes do histórico médico do garoto. A advogada diz que seu papel no processo é coletar provas de que "ambos são inocentes", a pedido do deputado estadual Coronel Jairo (Solidariedade), pai de Jairinho.

Flávia diz acreditar na inocência da mãe de Henry e que, por isso, o relato de Monique "não faz sentido". Ela nega tê-la ameaçado e afirma que, durante o encontro no presídio, Monique dividiu momentos pessoais, chorou e agradeceu pela visita.

"Eu estou aberta a uma retratação, porque presumo que ela tenha feito por desespero ou orientação. Não sei porque alguém faz algo dessa natureza se algo não aconteceu", disse Flávia.

A advogada diz que fará um registro na Polícia Civil de denunciação caluniosa em decorrência do relato de Monique.

O advogado Braz Sant'anna, que representa Jairinho no processo, afirmou que soube da visita de Flávia a Monique na terça (11). "Estou apurando este fato criminoso e deplorável de uma profissional do direito. Eu não acredito que o meu cliente esteja envolvido nisto", afirmou.

Defesa de Monique quer separação de processo

Ao UOL, Minagé diz temer por sua cliente: "Ela é bem segura, mas dessa vez está bem assustada".

Após Flávia ter encontrado Monique, o advogado da mãe de Henry assinou junto com sua cliente uma petição à Justiça para que o processo seja desmembrado e relatou a visita da advogada.

Se o pedido for aceito, a apuração sobre o suposto envolvimento de Monique na morte do filho se dará em um processo diferente, com "sigilo total das informações constantes dos autos que tramitarão".

"É de extrema importância que as informações, declarações, produções probatórias e fatos inerentes à vida Monique sejam preservados para sua própria segurança", diz a defesa de Monique na petição.

No documento obtido pelo UOL, Monique afirma estar "apavorada". Na petição, a defesa de Monique pede que Flávia seja investigada por fraude processual e coação com uso de ameaça e afirma que a mãe de Henry "não está segura em cárcere".

A juíza Elizabeth Louro, da 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, ainda não avaliou a petição. Não há prazo para a análise.

No dia 9 de fevereiro, Monique e Jairinho irão relatar à Justiça sua versão sobre a morte de Henry.

Monique e Jairinho foram presos em 8 de abril do ano passado. Os laudos periciais apontam 23 lesões no corpo do menino, e que Henry morreu em decorrência de hemorragia interna e laceração no fígado causada por ação contundente.