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Juíza quer imagens de visita de advogada ligada a Jairinho a mãe de Henry

Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, no Instituto Penal Ismael Sirieiro em Niterói (RJ) - Zô Guimarães/UOL
Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, no Instituto Penal Ismael Sirieiro em Niterói (RJ) Imagem: Zô Guimarães/UOL

Igor Mello e Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

14/01/2022 18h51

Após Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, expor uma suposta ameaça feita por uma advogada ligada ao ex-vereador Dr. Jairinho durante visita a ela na prisão, a juíza Elizabeth Louro, responsável pelo processo sobre a morte da criança, ordenou que a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) repasse informações a respeito do encontro.

Monique afirma ter sofrido na cadeia ameaças de Flávia Fróes, advogada ligada à família de Jairinho —ela nega a acusação. Jairinho e Monique respondem na Justiça por homicídio triplamente qualificado —após a prisão em abril, a defesa dos réus, até então unificada, foi separada.

Segundo a defesa de Monique, a intimidação ocorreu no dia 7 deste mês e tinha como objetivo inocentar o ex-vereador no processo que apura a morte do menino aos 4 anos em março.

Monique relatou a seus advogados que a advogada tentou coagi-la a assinar um documento para assumir a culpa pela morte do filho.

Ao recusar o pedido da advogada, a mãe de Henry diz ter sido mais uma vez intimidada. Monique disse a Thiago Minagé, um de seus defensores, ter ouvido de Flávia que "dariam um jeito de me transferir ou me pegar aqui dentro". Quatro dias depois do encontro, Monique de fato foi transferida.

Diante disso, a defesa de Monique pediu que a juíza, titular da 2ª Vara Criminal do Rio, desmembrasse a ação e deixasse o processo referente a Monique sob segredo de Justiça. Também solicitou que ela ordenasse à Seap registros e imagens do dia em que Monique recebeu a visita da advogada.

A juíza determinou que a Seap envie à Vara as imagens registradas no dia da visita no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, onde Monique estava presa, bem como os registros do livro de acesso à unidade. Ela também determinou que a Seap explique o motivo que levou Monique a ser transferida.

A magistrada ainda pediu que o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) opine sobre o desmembramento da ação.

Por fim, a juíza Elizabeth Louro determinou que Monique receba visitas apenas de seus advogados ou de familiares devidamente cadastrados junto à Seap.

Antes da decisão, o pai de Henry, Leniel Borel, que atua como assistente de acusação no processo, pediu que a juíza negasse o desmembramento e a decretação de sigilo no processo.

Advogada nega ameaças

A advogada Flávia Fróes nega ter ameaçado Monique durante a visita feita a ela no presídio.

Segundo a advogada, ela esteve com Monique porque foi contratada para realizar uma "investigação defensiva". A defensora disse ter ido ao presídio colher informações com Monique sobre o histórico de saúde de Henry.

"Em nenhum momento, Flávia Fróes se identificou ou atuou como advogada de Dr. Jairinho, muito pelo contrário, se posicionou sempre como advogada do senhor Jairo Souza Santos Júnior - pai de Jairinho", diz Cláudio Dalledone, advogado de Flávia, por meio de nota.

Flávia não pertence ao time de advogados de Jairinho que atuam no processo criminal.

Ela diz ter "convicção" de que Jairinho e Monique são inocentes das acusações relacionadas ao homicídio de Henry, mas afirma que irá processar a mãe da criança pelo que definiu como "falsa acusação".

A advogada ainda diz que processará os advogados de Monique por fazerem alegações "mentirosas e criminosas" em petição.