Chuva em SP provoca ao menos 21 mortes, deslizamentos e cancela vacinação
As chuvas que atingem o Estado de São Paulo desde a madrugada deste domingo causaram ao menos 21 mortes na Grande São Paulo e no interior do Estado. A informação foi divulgada na manhã de hoje pelo secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi, em entrevista ao Bom Dia São Paulo, da TV Globo.
Até a tarde de ontem, 19 vítimas haviam sido confirmadas, 12 adultos e sete crianças. Os óbitos foram registrados em Arujá (1), Embu das Artes (3), Ribeirão Preto (1), Jaú (1), Várzea Paulista (5), Franco da Rocha (4) e Francisco Morato (4). Cerca de 640 pessoas estão desalojadas.
Entre os dois novos óbitos confirmados, está o de um bebê que foi resgatado na noite de ontem em Itapevi, na Região Metropolitana do estado, completou o secretário.
Ontem à e tarde, o governador João Doria (PSDB) sobrevoou as regiões alagadas. As chuvas ainda causaram inundações em diversos municípios e a vacinação contra a covid-19 teve que ser cancelada na capital. A decisão foi tomada para preservar a segurança de cidadãos e servidores, já que as vacinas seriam aplicadas em áreas abertas.
R$ 15 milhões às cidades afetadas
Diante dos prejuízos, Doria prometeu destinar R$ 15 milhões aos municípios, em caráter emergencial. O valor será distribuído de acordo com a gravidade da situação de cada local e deve ser utilizado principalmente para o aluguel social e obras de encosta.
A previsão é que os recursos cheguem amanhã aos municípios. Franco da Rocha receberá R$ 5 milhões, Francisco Morato receberá R$ 2 milhões e cada um dos seguintes municípios receberá R$ 1 milhão: Arujá, Embu das Artes, Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jaú, Capivari, Montemor e Rafard.
Doria disse ainda que cabe aos gestores municipais minimizar riscos e desastres no futuro. Ainda assim, afirmou que o governo estadual vai promover apoio às cidades no que for necessário.
A recomendação é que os moradores de áreas de risco não voltem às suas casas e se dirijam aos abrigos temporários fornecidos. O retorno às casas para pegar documentos e pertences pessoais deverá ser feito com a orientação da Defesa Civil e demais autoridades.
Doria pede ajuda federal
Em entrevista, Doria disse que mudanças climáticas afetam o Brasil e o exterior. Embora tenha dito que não se deve transferir a responsabilidade à questão climática pelos problemas ocorridos, destacou ser preciso uma atenção maior por todos.
"Os impostos que os munícipes pagam em todas as cidades afetadas também vão para o governo federal", afirmou Doria.
"Não é razoável que o governo brasileiro, diante de situações de tragédia em Minas Gerais, na Bahia, em São Paulo ou em outros estados fique esperando que não mais as tenhamos. Mas, se houver, é importante que o governo também não só se manifeste, como destine recursos e apoio para que prefeitos e prefeitas se sintam acolhidos", disse o governador de São Paulo.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional afirmou que está acompanhando a situação das chuvas em São Paulo.
"Lamentamos as vidas perdidas e estamos à disposição do estado. O Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, está em contato com a coordenadoria estadual de Defesa Civil e colocou todos os recursos federais à disposição do estado de São Paulo", acrescentou.
O presidente Jair Bolsonaro não havia se manifestado sobre o tema até a última atualização desta reportagem.
Franco da Rocha segue com pontos inundados
O prefeito de Franco da Rocha, Nivaldo Santos, disse que a topografia facilita deslizamentos quando há fortes chuvas como as que ocorreram neste domingo. Ao menos dois deslizamentos foram registrados na cidade.
Santos afirmou que choveu muito ao longo da semana, não somente hoje, e isso acabou encharcando demais o solo, o que favoreceu os deslizamentos, especialmente em encostas. Ele também disse que o município fará piscinões para amenizar futuras enchentes.
A cidade ainda cadastra os desabrigados e desalojados, por isso não tem o número atualizado desses atingidos pelas chuvas. Defesa Civil e Corpo de Bombeiros ainda buscam possíveis vítimas.
"Já separamos quatro locais para abrigar emergencialmente [os moradores] e posteriormente a gente fazer aluguel social ou alugar algum hotel para ficarem até resolver a situação deles", disse.
Santos afirma que oito moradores da cidade morreram em decorrência de deslizamentos e enchentes, porém o número não foi confirmado pelo governo do estado, que mantém em quatro os registros na cidade.
Em entrevista à CNN Brasil, o prefeito explicou que três das primeiras mortes confirmadas aconteceram devido a deslizamentos no Parque Paulista, que segue sendo o principal ponto de atenção na noite deste domingo (30).
Uma das vítimas chegou a ser socorrida a um hospital, mas não resistiu aos ferimentos. O prefeito declarou ainda que moradores de áreas de risco estão sendo retirados de casa e orientados para receber atendimento em abrigos.
A região central segue alagada, e só será possível voltar a transitar no local após a limpeza, que deve acontecer ao longo da segunda-feira.
Santos pediu que as pessoas sigam as orientações e determinações da Defesa Civil, assim como entrem em contato em caso de suspeita de mais deslizamentos ou acidentes. Segundo ele, a vacinação contra a covid-19 deverá ser retomada assim que as águas baixarem e for possível transitar pela região central da cidade — que declarou situação de emergência.
Família morreu soterrada em Várzea Paulista
Um barranco deslizou no Jardim Promeca e soterrou uma casa. Uma família de cinco pessoas, incluindo uma criança de colo, morreu no local.
A Defesa Civil da cidade resgatou uma senhora acamada que foi vítima do deslizamento. Ela já está em atendimento na Unidade de Pronto Atendimento de Várzea Paulista.
A via marginal que interliga os municípios de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista, ficou completamente interditada no trecho entre Várzea e Campo Limpo, por conta do grande volume de água na região.
Mãe e filho mortos em Embu das Artes
Em Embu das Artes, um deslizamento ocorrido durante a madrugada matou três pessoas no bairro Jardim Pinheirinho. As vítimas são uma mãe e o filho de um ano e meio, além de uma jovem, segundo informações da Guarda Civil Municipal.
O deslizamento ocorreu na rua Jatobá e atingiu a residência onde as vítimas moravam. As três foram retiradas dos escombros. Outras quatro pessoas que estavam na casa conseguiram escapar com a ajuda de vizinhos.
Em nota, a Prefeitura de Embu das Artes disse que o deslizamento ocorreu pelo "excesso de chuva e o rompimento de uma fossa". Outras 16 casas no entorno também foram interditadas por estarem em área de risco, embora algumas famílias resistam em deixar o local.
Noroeste do estado foi região mais afetada
Uma das áreas mais afetadas no Estado é o noroeste da Grande São Paulo, que compreende, além de Franco da Rocha, as cidades de Caieiras, Francisco Morato e Várzea Paulista.
O alagamento atingiu a Linha 7-Rubi da CPTM. A circulação dos trens chegou a ser interrompida entre Caieiras e Várzea Paulista. Uma página no Facebook que compartilha notícias do local informou que a água escoou rapidamente e que o local estava transitável.
Em Várzea Paulista, um deslizamento provocou a morte de um homem e uma mulher. Três crianças estão desaparecidas, segundo a prefeitura, e as buscas seguem.
Francisco Morato também registra deslizamento
Em Francisco Morato, um deslizamento de grandes proporções atingiu casas na rua São Carlos, perto da avenida Bauru, na divisa com Franco da Rocha, e quatro pessoas morreram.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, cinco pessoas foram resgatadas dos escombros: uma mulher tem suspeita de fratura na perna e duas das vítimas estavam conscientes. O Corpo de Bombeiros afirma ainda que se trata de uma ocorrência "grandiosa e complexa".
Vídeos de moradores da região, publicados nas redes sociais, mostram que casas já foram completamente inundadas pela enxurrada.
Caieiras é afetada pelas chuvas
Em entrevista à GloboNews, o prefeito de Caieiras, Gilmar Alagoinha, disse que desde a noite de sábado (29) tem recebido ligações de moradores pedindo suporte para regiões em que ocorreram deslizamentos de terra. Não há registro de vítimas na cidade.
"Eu estava em um outro deslizamento de terra, onde parte de uma via em um bairro próximo, terminamos o que tinha que ser feito e viemos para cá. Estou com uma máquina aqui dando uma atenção especial a ele", disse ele, na região de Vila dos Pinheiros.
Alagoinha disse ainda que apesar de haver registros históricos de deslizamento na região, a área de Vila dos Pinheiros "está segura".
Na mesma região há registro de que moradores só estão conseguindo sair de casa com a ajuda de retroescavadeiras. As informações foram transmitidas no início da tarde deste domingo (30) pela GloboNews.
Capivari fica debaixo d'agua
Em Capivari, na região de Piracicaba, diversos bairros foram afetados por inundações causadas pelo transbordamento do rio Capivari. De acordo com a medição divulgada pela Defesa Civil Municipal às 10h10, o curso d'água já havia atingido a altura de 2,90 m — quase 1 metro acima do nível de transbordamento.
A chuva deixou famílias que vivem perto do rio desabrigadas. A prefeitura de Capivari está levando os afetados para o abrigo municipal e providenciando caminhões de mudança para retirar seus pertences.
A Defesa Civil Municipal publicou um apelo para que as famílias em situação de risco aceitem deixar suas casas.
"A Defesa Civil pede, encarecidamente, para que as famílias não sejam resistentes à saída das suas casas. O rio Capivari continua subindo rapidamente e até o momento, em última aferição, marcou na régua 2.90 m. A saída deve ser feita o mais rápido possível para que a situação não se agrave para a própria família e para os nossos profissionais", diz o comunicado.
Por conta das inundações, a captação de água também foi interrompida na cidade, segundo a prefeitura.
Na cidade, às 9h29, foram registrados 16 pontos de alagamento.
Também há pontos de alagamento em Piracicaba e em Taboão da Serra, na região metropolitana, segundo relatos publicados por moradores nas redes sociais.
Em Taboão da Serra, moradores registraram alagamentos na rua Antônio Oliveira Salazar, no bairro Jardim São Salvador. Uma árvore caiu na avenida José André de Moraes, interrompendo o acesso à rodovia Regis Bittencourt.
A prefeitura de Piracicaba está em alerta por conta da abertura das comportas da barragem de Americana, que atingiu 95% de sua capacidade. O temor é que o extravasamento da água provoque uma cheia no trecho do Rio Piracicaba que corta a cidade.
Moradores reagem a deslizamentos em Franco da Rocha
Ao menos cinco pessoas ficaram feridas nos dois deslizamentos em Franco da Rocha. No Twitter, viralizaram vídeos e fotos que flagraram as cheias na cidade.
A prefeitura relatou como foram o resgate das vítimas com vida. Na rua São Carlos, no Parque Paulista, quatro pessoas foram resgatadas com vida. Duas foram encaminhadas para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de Francisco Morato e duas para o hospital estadual Lacaz.
Na rua Dália, em Vila Palmares, uma criança de 8 anos foi atingida por um deslizamento. Ela foi resgatada com vida e levada para a UPA local.
A Rodovia Luiz Salomão Chamma e diversas vias da cidade estão interditadas por conta de deslizamentos de terra, segundo a prefeitura.
"Neste momento, temos muitas vias interditadas na região central, nos bairros e também nas vias de acesso à cidade. Por isso, evitem circular de carro ou a pé. Se possível, EVITEM SAIR DE CASA", publicou a prefeitura.
Um supermercado foi completamente tomado pela água na cidade.
Inmet alerta para chuvas
O Inmet (Instituto Nacional de Metereologia) emitiu alerta de grande perigo de inundações e deslizamentos no Estado de São Paulo.
Segundo o órgão, as chuvas representam risco na Grande São Paulo e em mais nove regiões, além do leste de Mato Grosso do Sul:
- Presidente Prudente;
- São José do Rio Preto;
- Campinas;
- Araçatuba;
- Araraquara;
- Piracicaba;
- Bauru;
- Ribeirão Preto; e
- Assis.
"Chuva superior a 60 mm/h ou acima de 100 mm/dia [para a região compreendida em todo o domingo]. Grande risco de grandes alagamentos e transbordamentos de rios, grandes deslizamentos de encostas, em cidades com tais áreas de risco", diz o alerta.
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