Sobe para 21 o número de mortos após chuvas em SP; bebê está entre vítimas
As chuvas que atingem o Estado de São Paulo desde a madrugada deste domingo fizeram mais duas vítimas e o número de mortes chegou a 21 na Grande São Paulo e no interior do Estado. A informação foi confirmada na manhã de hoje pela Defesa Civil de São Paulo. Até o momento, já são 660 famílias desabrigadas ou desalojadas no estado.
Uma das áreas mais afetadas no Estado é o noroeste da Grande São Paulo, que compreende, além de Franco da Rocha, as cidades de Caieiras, Francisco Morato e Várzea Paulista. Até o momento, 11 pessoas ainda são consideradas desaparecidas. Em várias regiões do estado, há ocorrências de "alagamentos, queda de árvores, quedas de muros e deslizamentos de terra; além de interdições totais ou parciais em rodovias".
Até o momento o número de mortos incluem 13 adultos e oito crianças, incluindo um bebê de três meses, que havia sido resgatado na noite de ontem em Itapevi. Os óbitos foram registrados em Arujá (1), Embu das Artes (3), Francisco Morato (4), Franco da Rocha (5), Itapevi (1), Jaú (1), Ribeirão Preto (1) e Várzea Paulista (5).
Ontem à tarde, o governador João Doria (PSDB) sobrevoou as regiões alagadas. As chuvas ainda causaram inundações em diversos municípios e a vacinação contra a covid-19 teve que ser cancelada na capital. A decisão foi tomada para preservar a segurança de cidadãos e servidores, já que as vacinas seriam aplicadas em áreas abertas.
R$ 15 milhões às cidades afetadas
Diante dos prejuízos, Doria prometeu destinar R$ 15 milhões aos municípios, em caráter emergencial. O valor será distribuído de acordo com a gravidade da situação de cada local e deve ser utilizado principalmente para o aluguel social e obras de encosta.
A previsão é que os recursos cheguem amanhã aos municípios. Franco da Rocha receberá R$ 5 milhões, Francisco Morato receberá R$ 2 milhões e cada um dos seguintes municípios receberá R$ 1 milhão: Arujá, Embu das Artes, Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jaú, Capivari, Montemor e Rafard.
Doria disse ainda que cabe aos gestores municipais minimizar riscos e desastres no futuro. Ainda assim, afirmou que o governo estadual vai promover apoio às cidades no que for necessário.
A recomendação é que os moradores de áreas de risco não voltem às suas casas e se dirijam aos abrigos temporários fornecidos. O retorno às casas para pegar documentos e pertences pessoais deverá ser feito com a orientação da Defesa Civil e demais autoridades.
E os recursos federais?
Em entrevista, Doria disse que mudanças climáticas afetam o Brasil e o exterior. Embora tenha dito que não se deve transferir a responsabilidade à questão climática pelos problemas ocorridos, destacou ser preciso uma atenção maior por todos. "Os impostos que os munícipes pagam em todas as cidades afetadas também vão para o governo federal", afirmou.
"Não é razoável que o governo brasileiro, diante de situações de tragédia em Minas Gerais, na Bahia, em São Paulo ou em outros estados fique esperando que não mais as tenhamos. Mas, se houver, é importante que o governo também não só se manifeste, como destine recursos e apoio para que prefeitos e prefeitas se sintam acolhidos", disse o governador de São Paulo.
O MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) rebateu as críticas feitas pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que exigiu mais a atenção do governo de Jair Bolsonaro (PL), após fortes chuvas terem provocado pelo menos 21 mortes e estragos em cidades paulistas.
Em nota enviada ao UOL, o ministério disse não ter recebido nenhuma solicitação de recursos a municípios de São Paulo e que condenava o uso político da tragédia.
"Até o momento, não foi recebida nenhuma solicitação de recursos dos estados ou dos municípios de São Paulo por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. Portanto, o MDR não só condena o uso político da tragédia, como espera que o governador de atue no levantamento e no cadastramento dos danos no sistema para que o governo federal apoie as regiões conforme prevê a legislação", disse o ministério.
O presidente Jair Bolsonaro não havia se manifestado sobre o tema até a última atualização desta reportagem.
Várzea Paulista
Um barranco deslizou no Jardim Promeca e soterrou uma casa. Uma família de cinco pessoas, incluindo uma criança de colo, morreu no local.
A Defesa Civil da cidade resgatou uma senhora acamada que foi vítima do deslizamento. Ela já está em atendimento na Unidade de Pronto Atendimento de Várzea Paulista.
A via marginal que interliga os municípios de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista, ficou completamente interditada no trecho entre Várzea e Campo Limpo, por conta do grande volume de água na região.
Embu das Artes
Em Embu das Artes, um deslizamento ocorrido durante a madrugada de domingo (30) matou três pessoas no bairro Jardim Pinheirinho. As vítimas são uma mãe e o filho de um ano e meio, além de uma jovem, segundo informações da Guarda Civil Municipal.
O deslizamento ocorreu na rua Jatobá e atingiu a residência onde as vítimas moravam. As três foram retiradas dos escombros. Outras quatro pessoas que estavam na casa conseguiram escapar com a ajuda de vizinhos.
Em nota, a Prefeitura de Embu das Artes disse que o deslizamento ocorreu pelo "excesso de chuva e o rompimento de uma fossa". Outras 16 casas no entorno também foram interditadas por estarem em área de risco, embora algumas famílias resistam em deixar o local.
Francisco Morato
Um deslizamento de grandes proporções atingiu casas na rua São Carlos, perto da avenida Bauru, no limite entre Francisco Morato e Franco da Rocha. Quatro pessoas morreram.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, cinco pessoas foram resgatadas dos escombros: uma mulher tem suspeita de fratura na perna e duas das vítimas estavam conscientes. O Corpo de Bombeiros afirma ainda que se trata de uma ocorrência "grandiosa e complexa".
Vídeos de moradores da região, publicados nas redes sociais, mostram que casas já foram completamente inundadas pela enxurrada.
"A Defesa Civil pede, encarecidamente, para que as famílias não sejam resistentes à saída das suas casas. O rio Capivari continua subindo rapidamente e até o momento, em última aferição, marcou na régua 2.90 m. A saída deve ser feita o mais rápido possível para que a situação não se agrave para a própria família e para os nossos profissionais", diz o comunicado.
Franco da Rocha
O município já registrou, até o momento, cinco mortes. Há, pelo menos três pessoas ainda desaparecidas no local. Na rua São Carlos, no Parque Paulista, quatro pessoas foram resgatadas com vida. Duas foram encaminhadas para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de Francisco Morato e duas para o hospital estadual Lacaz.
Na rua Dália, em Vila Palmares, uma criança de 8 anos foi atingida por um deslizamento. Ela foi resgatada com vida e levada para a UPA local.
No Twitter, viralizaram vídeos e fotos que flagraram as cheias na cidade.
A Rodovia Luiz Salomão Chamma e diversas vias da cidade estão interditadas por conta de deslizamentos de terra, segundo a prefeitura.
"Neste momento, temos muitas vias interditadas na região central, nos bairros e também nas vias de acesso à cidade. Por isso, evitem circular de carro ou a pé. Se possível, EVITEM SAIR DE CASA", publicou a prefeitura neste fim de semana. Hoje, voltou a chover na região.
Um supermercado foi completamente tomado pela água na cidade.
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