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Família de Moïse está sem acesso ao inquérito policial, afirma OAB-RJ

Lotsove Lolo Lavy Ivone, mãe do congolês Moïse Kabagambe, e um de seus filhos, em frente à OAB do Rio de Janeiro - FÁBIO COSTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Lotsove Lolo Lavy Ivone, mãe do congolês Moïse Kabagambe, e um de seus filhos, em frente à OAB do Rio de Janeiro Imagem: FÁBIO COSTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

03/02/2022 19h37

A família do congolês Moïse Kabagambe, 24, afirma que está sem acesso ao inquérito que investiga a morte do jovem, conduzido pela DH (Delegacia de Homicídios da Capital). O crime aconteceu na noite de 24 de janeiro no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

A mãe e os irmãos de Moïse estão sendo representados legalmente por Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ. Em entrevista à imprensa hoje, Mondego lamentou a falta de informações mais detalhadas e disse ver uma tentativa dos suspeitos de "justificar a barbárie".

"A família foi muito bem tratada, mas existe hoje uma definição [da Polícia Civil] para que o inquérito fique sob sigilo. Só que o sigilo é só para família. Todos os depoimentos a gente só tomou conhecimento pela mídia", afirmou o advogado.

Ele afirma que não teve acesso oficialmente aos depoimentos de testemunhas ou ao vídeo que mostra o espancamento do congolês.

"É muito difícil atuar em situação de violência quando a pessoa menos priorizada é a família da vítima, que é a maior interessada na resolução do inquérito", diz o defensor.

Procurada, a Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento e o inquérito segue sob sigilo.

Mondego apontou também que há uma tentativa de justificar a morte de Moïse, de acordo com os depoimentos dos suspeitos publicados pela imprensa.

"Há uma tentativa de criminalizar e desqualificar a vítima para justificar a barbárie. Sempre tentando colocar algo que a vítima fez e indicando que ela gerou a própria violência. Ficamos estarrecidos", diz o advogado.

Família foi recebida por deputados na Alerj

Na tarde de hoje, a mãe e os irmãos de Moïse foram recebidos pela deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Familiares de Moïse foram recebidos por parlamentares na Alerj - Lola Ferreira/UOL - Lola Ferreira/UOL
Familiares de Moïse foram recebidos por parlamentares na Alerj
Imagem: Lola Ferreira/UOL

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) participou do encontro, que contou com breve presença do presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). Freixo representou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Lotsove Lolo Lavy Ivone, 43, mãe de Moïse, agradeceu aos parlamentares e ressaltou que os dias têm sido difíceis.

Um dos irmãos de Moïse afirmou que a família não está pensando no momento em sair do Brasil ou do Rio de Janeiro. O foco agora, diz ele, é entender todos os aspectos que envolveram a morte do congolês.

Dani Monteiro afirmou que a comissão age principalmente no suporte psicológico às famílias, já que a OAB-RJ faz o atendimento jurídico. Junto com Freixo, a deputada não descartou a possibilidade de uma proteção para a família.

"A gente quer que toda a decisão que a família tome seja feita com segurança", afirmou a deputada.

Justiça mantém prisão de agressores

A Justiça do Rio de Janeiro manteve na tarde de hoje a prisão temporária dos três presos que assumem ser os homens flagrados em vídeos espancando o congolês até a morte.

Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Alexander Luz da Silva foram ouvidos em salas separadas na Central de Audiência de Custódia de Benfica, na zona norte da capital fluminense.