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Monique chora ao lembrar crise no casamento: 'Eu e Henry ficamos de lado'

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

09/02/2022 13h32

A pedagoga Monique Medeiros presta depoimento hoje à Justiça pela primeira vez desde que foi presa em 8 de abril do ano passado. A mãe de Henry Borel contou à juíza Elizabeth Louro, da 2ª Vara Criminal do Rio, detalhes do casamento com o engenheiro Leniel Borel, pai do menino, o nascimento do filho e a crise que levou ao divórcio.

O interrogatório faz parte do processo que apura o Caso Henry, morto dentro do apartamento em que Monique e o ex-vereador Dr. Jairinho (sem partido) moravam na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Jairinho se negou a responder a questões e pediu que sejam realizadas "novas diligências" sobre o caso.

Todo o depoimento de Monique segue a linha antecipada pelo UOL que seria adotada pelo interrogatório: mostrar como ela era uma mãe dedicada. Por isso, o depoimento é marcado por relatos pessoais e emocionados.

De acordo com Monique, a pandemia do coronavírus foi crucial para o fim do casamento com Leniel. A pedagoga destacou contudo que a crise começou logo após o nascimento da criança, em 2016. Na ocasião, contou ela, Leniel trabalhava no Espírito Santo enquanto Monique e Henry continuavam morando no Rio de Janeiro.

A ré relatou que o dia em que começou o afastamento do casal foi quando eles pararam de dormir na mesma cama, quando o pai do menino voltava ao Rio, aos fins de semana.

"Henry dormia muito bem no meu colo, então coloquei ele [Leniel] para dormir na minha cama e pedi para meu pai desmontar o berço", contextualiza Monique.

E continua: "Comprei uma cama de solteiro e coloquei no lugar do berço, para o Leniel dormir ali quando viesse. Leniel, infelizmente, trabalhava muito. Começamos a nos distanciar no momento mais feliz das nossas vidas", diz. "Eu e Henry ficamos de lado", afirmou Monique.

A situação se manteve dessa forma até a pandemia, quando ambos passaram a trabalhar em home office. Monique contou que Leniel reclamava de estar engordando, já que ela "cozinhava pratos muito gostosos".

"O último dia que lembro que machucou muito foi no Dia dos Namorados [de 2020], que fiz uma surpresa: Henry e eu enchemos balões de coração, fizemos uma mesa de café da manhã. Comprei produtos diet e disse que tinha contratado um personal. E ele disse: 'Por que você está me dando isso? Está me chamando de gordo?'", contou a pedagoga, emocionada.

A partir dali, Monique diz que o casamento continuou a se deteriorar até que conheceu Jairinho, em agosto do mesmo ano.

Mãe de Henry chora ao lembrar nascimento do filho

Antes de contar toda a crise em seu casamento, Monique relatou à juíza detalhes da gravidez e do nascimento de Henry.

O menino, de acordo com a mãe, não teve o desenvolvimento intrauterino adequado entre os seis e nove meses de gestação, por isso nasceu "no susto", quando um médico constatou que ele estava em sofrimento.

Ao lembrar que o menino não podia perder peso senão não conseguiria receber alta da maternidade, Monique também chorou. "Eu orava a Deus para ter leite para poder amamentar meu filho e levá-lo para casa comigo", contou, emocionada.

Além disso, Monique relatou a dor da amamentação. "Doía muito para amamentar, eu não sabia como era a pega. Meu bico [do seio] sangrava e Henry amamentava, e assim meu filho conseguiu sair da maternidade, no limite do peso para não ser internado."

Após a alta de Henry, conta Monique, ela ficou por 13 meses ininterruptos com o menino.

"Eu acordava Henry dançando, com café da manhã. Henry e eu éramos parceiros desde quando ele nasceu. Henry era muito meu amigo, muito bom pra mim, muito amoroso, carinhoso. Ele sempre dizia que eu estava linda, o tempo inteiro", contou Monique aos prantos.