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Rasteiras e 'moca': Monique diz que Henry relatou agressões de Jairinho

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio

09/02/2022 20h46

Monique Medeiros, mãe de Henry Borel e acusada da morte da criança juntamente com o ex-vereador Dr. Jairinho, afirmou hoje que o filho relatou ter sofrido duas supostas "bandas" (rasteiras) do ex-vereador Dr. Jairinho no mês anterior à morte dele. As declarações foram dadas em interrogatório no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

No primeiro episódio, ela disse que Jairinho alegou ter sido uma brincadeira e que, no segundo, falou que o menino estava mentindo. No depoimento, Monique diz que não acreditava que o filho corresse qualquer risco — ela evita culpar Jairinho pela morte ao dizer que estava dormindo e foi acordada pelo ex-companheiro.

Na primeira situação, Monique disse que estava cozinhando e que o menino a procurou dizendo que "o tio Jairinho me deu uma banda e uma moca (espécie de cascudo)". Ela então confrontou Jairinho e ouviu dele que estava brincando com o menino. Segundo ela, o ex-vereador pediu desculpas a Henry.

Em outra ocasião, no dia 12 de fevereiro, Jairinho chegou mais cedo em casa e ficou cerca de 6 minutos em um quarto fechado com o menino, segundo informou Thainá Oliveira, babá de Henry, a Monique. Para a Polícia Civil, nesse episódio, Henry foi agredido por Jairinho.

Depois que saiu do quarto, o menino correu para o colo de Thainá, mas não falou o que havia acontecido, segundo Monique.

"Eu estava no salão [de beleza], quando Henry me ligou por vídeo e perguntou se atrapalhava meu relacionamento. Eu disse que não, de forma alguma. E ele me contou que o tio Jairinho tinha falado isso. Disse a ele que não era verdade e que o tio estava mentindo", disse Monique.

Duas horas depois, o menino relatou as supostas agressões —falou que tomou uma rasteira do tio, estava com dor no joelho e mancando, segundo relato de Monique.

Assim que recebeu fotos e vídeo do menino mancando, Monique diz ter pedido para a cabeleireira finalizar rápido que ela precisava ir embora.

"Essa história de que eu levei quatro horas para voltar pra casa não existe. Eu fiquei fora contando desde a hora que eu tinha saído, não desde a hora que eu soube das agressões", disse Monique.

A ré disse então ter telefonado para Jairinho e questionado sobre a declaração de Henry de que ele atrapalhava o relacionamento do casal. Segundo ela, o ex-vereador se desculpou, disse que era invenção de Henry e que iria despedir a babá.

Com medo, Monique foi dormir na casa dos pais, em Bangu, onde morava antes de morar com o ex-vereador. Pela manhã do dia 13, Monique questionou o menino sobre o acontecido, quando ele deu sua versão.

"Tio Jairinho me empurrou e eu caí da cama", disse o menino. Monique conta que questionou Jairinho mais uma vez, mas ele deu uma versão diferente: disse que o menino se assustou e caiu da cama.

"Eu não acreditava que o Jairinho tinha batido nele. Levei meu filho ao hospital [no dia seguinte ao episódio] e a médica atestou que não tinha nada. Que estava tudo bem. Não teve maus-tratos, não teve tortura, isso foi atestado no hospital pela médica", contou a mãe de Henry.

Após a consulta, o menino confirmou ter escorregado e caído da cama, segundo Monique.

Ela relatou que decidiu sair de casa depois que as brigas começaram a ser constantes.

"A gente começou a ter muitas brigas, não queria que meu filho presenciasse isso. Em uma deles, ele me enforcou de um cômodo ao outro, dizendo que eu não poderia ir embora. Em outro episódio, comecei a arrumar as malas. Ele ficou enfurecido, começou a desfazer tudo, a chutar as malas e a pisar nas roupas de Henry", contou Monique.