Topo

Monique diz que encontrou Henry gelado após ser acordada por Jairinho

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

09/02/2022 16h37

A mãe de Henry Borel, Monique Medeiros, relatou na tarde de hoje em interrogatório à 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro que estava dormindo quando foi avisada por Jairinho que o filho tinha "caído da cama" no quarto ao lado.

De acordo com a pedagoga, ela tomou dois comprimidos para dormir e foi acordada pelo então companheiro por volta das 3h30 do dia 8 de março. Ao chegar no quarto, encontrou o filho descoberto, com mãos e pés gelados e "olhando para o nada", com a boca entreaberta. O depoimento foi marcado por forte emoção.

Monique afirma que o ex-vereador disse a ela que ouviu um barulho no quarto e encontrou o menino no chão, entre a poltrona e a cama. A mãe contou que colocava a poltrona ao lado da cama quando o filho iria dormir.

A pedagoga diz que estranhou encontrar o filho descoberto, porque a criança gostava de dormir com ar-condicionado em baixa temperatura e enrolado em um edredom. Monique disse ter relatado sua estranheza com essa situação a Jairinho.

Neste momento, o ex-vereador foi ao banheiro, urinou e voltou dizendo que era preciso ir ao hospital.

"Enrolamos o Henry em uma mantinha roxa e levamos. Eu carreguei ele no braço e fomos para o Barra D'Or. Na minha cabeça, o meu filho estava vivo, chegou ao hospital vivo", disse Monique.

No hospital, ela conta que correu em direção aos médicos e disse que o filho não estava respirando. No carro, Jairinho teria orientado a mãe do menino a fazer respiração boca a boca e deduzido que o menino estava em parada cardiorrespiratória.

"Meu filho não tinha um [hematoma] roxo, eu vi meu filho pelado, não tinha nada. As médicas não disseram nada, não existia machucado no meu filho e a gente não sabia o que estava acontecendo", diz Monique, bastante emocionada.

"Quando foi 5h52, vieram dar a notícia que meu filho tinha morrido. Acho que foi o momento que eu não sei nem explicar, é como se tivessem arrancando um pedaço de você. Alguém estava arrancando um pedaço de mim e eu falei que não podia ser."

Monique relatou que, na noite do crime, tomou dois remédios calmantes para dormir. Ela explicou que Jairinho brigava com ela, caso se negasse. Ela também relatou que já havia flagrado o ex-vereador macerando um comprimido para colocar dentro de sua taça de vinho branco.

A pedagoga presta depoimento hoje na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. Monique começou afirmando que falaria toda a verdade. O interrogatório faz parte do processo que apura o Caso Henry, morto dentro do apartamento em que Monique e o ex-vereador Dr. Jairinho (sem partido) moravam na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.

Jairinho se negou a responder às questões e pediu que sejam realizadas "novas diligências" sobre o caso. Ele negou que tenha tocado em "um fio de cabelo" de Henry.