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Homem é baleado em festa de família e morre no RJ; família acusa o Bope

Familiares de Gilcemir da Silva, 47, apontam policiais do Bope como autores dos tiros - Arquivo Pessoal
Familiares de Gilcemir da Silva, 47, apontam policiais do Bope como autores dos tiros Imagem: Arquivo Pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

14/03/2022 10h40

Um morador do Morro do Dezoito, no bairro de Piedade, zona norte do Rio de Janeiro, morreu após ser baleado durante um encontro de família na madrugada de ontem. Familiares de Gilcemir da Silva, 47, dizem que policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) chegaram atirando na rua Silva Braga, onde a família se reunia, próximo a uma mercearia de uma das irmãs da vítima.

De acordo com Daniele Cristina, 38, cunhada da vítima, houve muitos tiros e confusão. Gilcemir chegou a correr para a casa dele, mas foi atingido no pescoço. Daniele já o encontrou morto, caído dentro de casa.

"Ouvimos muitos disparos e todo mundo começou a correr. Ele correu para casa dele também, para se proteger. Depois de todo mundo em casa, começamos a ouvir um morador gritando, dizendo que haviam atingido um amigo. Era ele. Foi mais uma ação falida do Estado. Ninguém foi preso e é mais uma família que ficou sem pai, sem avô, sem marido, sem filho", lamenta a cunhada, ao UOL.

Daniele afirma ainda que os policiais do Bope levaram Gilcemir, mesmo morto, para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na zona norte.

  • Veja as notícias do dia no UOL News com Fabíola Cidral:

'Mais de 40 policiais'

Daniele relata que havia um grande número de agentes do batalhão, indicando uma possível operação na área.

"Ele caiu e morreu ali mesmo. Havia mais de 40 policiais no morro. Eles chegaram perto do meu irmão e não deixaram ninguém se aproximar. Levaram ele para o hospital morto. A gente que tá na comunidade fica coagido. Somos só nós e eles [policiais] ali dentro", afirma Daniele.

Segundo a cunhada, a família e outros moradores do morro do Dezoito têm o hábito de reunir na rua para conversar e comer petiscos. Crianças brincavam na rua no momento da chegada do Bope na região.

Gilcemir nasceu e foi criado na comunidade e, de acordo com ela, era uma pessoa muito conhecida e querida pelos moradores. Ele trabalhava capinando e podando árvores na região e já havia trabalhado em um projeto de reflorestamento da comunidade.
Evangélico, era frequentador de uma igreja na região. O morador deixou a esposa, um filho e um neto.

Bope diz que foi atacado

Procurada pelo UOL, a Policia Militar afirma que uma equipe do Bope estava em patrulhamento na comunidade quando foi atacada a tiros por homens armados.

Segundo nota enviada à reportagem, após os disparos, os policiais localizaram uma pistola e "farta quantidade de material entorpecente" e, em seguida, um indivíduo ferido por disparo de arma de fogo foi encontrado e levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.

"Nesta ação foram apreendidos uma pistola 9mm, um carregador de pistola, três telefones celulares, um rádio comunicador e material entorpecente (103 invólucros de cocaína, 12 frascos de vidro de loló, 58 invólucros de maconha) e R$ 60 em espécie", informou a corporação.

A ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Homicídios da Capital.