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Mulher relata injúria racial em shopping e ouve: 'Sou racista mesmo'

Acusada pagou fiança de R$ 1,5 mil após crime de injúria racial, em shopping de Campinas (SP) - Reprodução/TV Globo
Acusada pagou fiança de R$ 1,5 mil após crime de injúria racial, em shopping de Campinas (SP) Imagem: Reprodução/TV Globo

UOL, em São Paulo

14/04/2022 11h58Atualizada em 14/04/2022 16h13

Uma mulher foi vítima de injúria racial quando estava com uma criança no playground do Shopping Parque das Bandeiras, em Campinas (SP), no sábado (9). Aline Cristina Nascimento de Paula, 28, relata que não fez nada além de entrar no playground do shopping.

"Assim que eu entrei, a mulher já se levantou e falou assim: 'Vamos embora daqui, tá cheio de preto'", relatou ela, à TV Globo.

Ela conta que não acreditou no que ouviu e confrontou a mulher. "O que a senhora está falando?'. E ela: 'É isso mesmo!' Tá cheio de preto, e preto não gosta da gente'", disse Aline.

A acusada, de 34 anos, também estava acompanhada de uma criança, foi questionada pelas falas e reafirmou o que disse. Aline conta que pediu para a mulher ir embora do local. "Falei: 'Senhora, pega o seu filho e vai embora, que a senhora está sendo racista'", disse ela.

Cristina afirma que, nesse momento, a agressora enfatizou que era racista "Ela falou assim: 'É isso mesmo! Sou racista mesmo!'". Segundo a vítima, ela ainda repetiu a fala quando questionada por estar falando essas coisas na frente do filho.

À TV Globo, o representante da agressora falou que não vai se manifestar sobre o episódio. O nome dela não foi informado na reportagem.

Testemunhas que estavam por perto se mobilizaram e a Polícia Militar foi chamada. A mulher tentou ir embora, mas foi impedida por seguranças do shopping.

As pessoas que estavam próximas do incidente foram ouvidas na administração do shopping quando a polícia chegou e, logo em seguida, a vítima e a agressora foram conduzidas para a 2ª Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas.

O crime foi registrado como injúria racial e, por isso, é possível o pagamento da fiança. A mulher que praticou o ato pagou R$ 1,5 mil e foi liberada.

Aline revelou que já está em contato com o advogado e vai entrar com uma ação contra a mulher pelo crime de racismo.

Em nota enviada do UOL, o Shopping Parque das Bandeiras informou que prestou assistência à vítima "assim que tomou conhecimento do ocorrido". "O empreendimento reforça ainda que não tolera nenhum tipo de discriminação em suas dependências e que possui valores como ética, humildade e transparência", afirmou o documento.

Racismo x injúria racial

A Lei de Racismo, de 1989, engloba "os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O crime ocorre quando há uma discriminação generalizada contra um coletivo de pessoas. Exemplo disso seria impedir um grupo de acessar um local em decorrência da sua raça, etnia ou religião.

O autor de crime de racismo pode ter uma punição de 1 a 5 anos de prisão. Trata-se de crime inafiançável e não prescreve. Ou seja: no caso de quem está sendo julgado, não é possível pagar fiança; para a vítima, não há prazo para denunciar.

Já a injúria racial consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem a fim de atacar a dignidade de alguém de forma individual. Um exemplo de injúria racial é xingar um negro de forma pejorativa utilizando uma palavra relacionada à raça.