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Indígena de 12 anos é estuprada por garimpeiros e morre, diz líder Yanomami

Garimpo em terra indígena Yanomami - Bruno Kelly/Amazônia Real
Garimpo em terra indígena Yanomami Imagem: Bruno Kelly/Amazônia Real

Do UOL, em São Paulo

26/04/2022 15h05Atualizada em 27/04/2022 06h22

Uma adolescente indígena de 12 anos morreu após ser estuprada por garimpeiros na região do Waikás, em Roraima, segundo denúncia do presidente do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana), Júnior Hekurari Yanomami. O líder indígena ainda relatou que uma criança de cerca de 4 anos também está desaparecida. A situação foi informada ontem à noite.

"Os garimpeiros invadiram a comunidade do Arakaça, onde vivem mais ou menos 30 yanomamis. Tinha uma mulher mais velha com a adolescente e uma criança. Os garimpeiros invadiram e raptaram eles. A adolescente foi violentada até a morte. A tia tentou proteger ela e a criança, mas os garimpeiros jogaram a criança no rio. Ela está desaparecida. Não sabemos ainda se essa tia também foi violentada", disse Júnior Hekurari Yanomami ao UOL.

Segundo ele, o crime foi cometido em um barco.

O líder indígena afirmou que está tentando chegar no local da ocorrência, mas, por causa das chuvas, enfrenta dificuldades para a locomoção, só é possível de forma aérea.

Ele comunicou o caso em ofício à Funai (Fundação Nacional do Índio) e à Polícia Federal.

O avanço do garimpo na região dos Yanomamis tem crescido no país e, segundo Júnior Hekurari Yanomami, casos de violência contra a comunidade têm sido recorrentes como consequência.

"A gente tem relatos no ano passado em que morreu um adolescente de 15 anos que também foi violentado sexualmente. Além dele, teve uma mulher entre 25 e 28 anos que, após ter sido violentada, cometeu suicídio", afirmou ele.

Em nota enviada ao UOL, a Funai informou que está acompanhando o caso e que tem atividades permanentes na região por meio das Bapes (Bases de Proteção Etnoambiental), que são responsáveis por "ações contínuas de proteção, fiscalização e vigilância territorial, além de coibição de ilícitos, controle de acesso, acompanhamento de ações de saúde, entre outros."

O órgão ainda afirmou que tem atuado "continuamente em ações de fiscalização na região em articulação com os órgãos ambientais e de segurança pública."