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AP: Jovem é ferido por peixe-elétrico e fica com parte do corpo paralisado

Lucas Rocha Oliveira, 18 anos, ficou com parte do corpo paralisado após ser atacado por um poraquê - Reprodução/Rede Social e Arquivo pessoal
Lucas Rocha Oliveira, 18 anos, ficou com parte do corpo paralisado após ser atacado por um poraquê Imagem: Reprodução/Rede Social e Arquivo pessoal

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL, em Macapá

03/05/2022 12h22Atualizada em 04/05/2022 08h15

Lucas Rocha Oliveira, 18, ficou com parte do corpo paralisado após ser atacado por um poraquê, uma das espécies de peixe-elétrico da Amazônia. O caso aconteceu em uma rua alagada no município de Laranjal do Jari, no sul do Amapá, que sofre desde março com a cheia do rio Jari.

O jovem foi internado no Hospital Estadual de Laranjal do Jari e foi encaminhado hoje (3) para atendimento neurológico no Hospital de Emergências da capital Macapá, que fica a 265 km do município.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver o momento em que a família está transportando Lucas em uma canoa, transporte que está sendo comumente utilizado pelos moradores para se locomover pelas ruas alagadas de Laranjal por causa do nível da água. Nas imagens o rapaz aparece tremendo e em estado de choque.

A tia de Lucas, Luara Rocha, afirmou ao UOL que o rapaz foi atacado pelo peixe por volta das 19h de sexta-feira (29) ao transitar pela rua da sua casa que está alagada pela cheia do rio Jari.

"Fui a primeira a chegar lá vi o estado que ele ficou. Tem muito desse peixe aqui por causa da enchente, é um perigo, mas ele, como todos os meninos, aproveita esse momento para ficar andando nessa água, esquecendo do perigo. Por pouco ele não morreu, teve que ser reanimado no hospital", relatou a tia.

poraquê - Reprodução - Reprodução
O peixe-elétrico Poraquê
Imagem: Reprodução

Luara diz que desde que sofreu o ataque, o sobrinho sofre com os efeitos do choque. "Ele ainda tem umas crises, diz que dá choque na cabeça dele, que o coração falta pular para fora. Fica só lagrimando como se sentisse muita dor, com a mão sempre gelada", conta.

A diretora do Hospital Estadual de Laranjal do Jari, Arailza Martins, informou que o estado de saúde do jovem é estável, mas que ele sofreu uma hemiplegia, que é uma paralisia cerebral que atinge um lado completo do corpo, impossibilitando os seus movimentos.

"Ele deu entrada conosco com esse quadro de hemiplegia, mas a situação dele está bastante estável, está consciente e se alimentando bem. Nós só teremos uma visão mais ampla desta paralisia após os resultados dos exames neurológicos", explicou a diretora.

Peixe comum na região

O biólogo Nonato Mendes Júnior, especialista em enguias elétricas e poraquês, explica que o animal é uma espécie de peixe-elétrico bastante comum na bacia do rio Jari.

"Especialmente essa espécie utiliza a área das margens dos rios, que ficam alagadas para se alimentar, porque acabou seu período reprodutivo. O poraquê respira pelo ar, então os ninhos deles são câmaras subterrâneas com ar. Com o alagamento essas câmaras ficam totalmente submersas impedindo a reprodução. Então eles se deslocam para as margens dos rios para se alimentar", explica.

Com a cheia do rio Jari, a área alagada pode ter se sobreposto à área de habitação da espécie, resultando no incidente. De acordo com Nonato, quando ameaçado, o animal produz uma descarga elétrica que varia entre 650 volts e 860 volts.

"Muito provavelmente com a movimentação da água, distorcendo o campo elétrico dele, pode ter confundido o rapaz com um inimigo, e ele obviamente se defendeu, usando a arma dele que é a eletricidade. Então, foi realmente um acidente", esclarece o biólogo.