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'Desmaiei de dor', lembra homem internado após pisar em peixe-leão

Pesquisadores tentam conter o peixe-leão em Fernando de Noronha - Thaiza Bucair
Pesquisadores tentam conter o peixe-leão em Fernando de Noronha Imagem: Thaiza Bucair

Do UOL, em São Paulo

01/05/2022 21h59Atualizada em 02/05/2022 08h11

O pescador Francisco Albuquerque, 24, que foi hospitalizado após sofrer convulsões ao entrar em contato com um peixe-leão na Praia de Bitupitá, em Barroquinha (CE), contou que nunca tinha sentido dor semelhante na vida.

"Eu desmaiei só de dor. A dor é grande mesmo. A dor é dez [em uma escala de 1 a 10]", afirmou em entrevista ao Fantástico. O jovem cearense, que é filho e neto de pescadores, ficou com sete espinhos encravados na sola do pé no primeiro acidente de campo registrado no país.

Ao UOL, o pesquisador do Labomar da UFC (Universidade Federal do Ceará) Marcelo Soares informou que Francisco estava em um curral de pesca quando o acidente ocorreu. "Ele provavelmente pisou. Geralmente pescadores artesanais são mais vulneráveis porque não possuem proteção", disse.

O animal é uma espécie invasora no Brasil e tem aparecido em águas rasas do litoral piauiense e cearense há pelo menos um mês, além de estar presente no arquipélago de Fernando de Noronha.

A espécie pode chegar até 47 centímetros e tem 18 espinhos venenosos. É pisando ou esbarrando nesses espinhos que os sintomas costumam se manifestar em humanos.

Equipes que monitoram o aparecimento da espécie no litoral do Piauí e do Ceará foram notificados desde março da presença de 30 indivíduos da espécie na região.

Desde a primeira aparição em Fernando de Noronha, já foram capturados 38 peixes-leões. Ao todo, 60 avistamentos foram relatados.

Informações do ICMBio apontam que o veneno "não é fatal para pessoas saudáveis", mas que o contato com ele pode causar dores, bolhas, enjoos e até mesmo convulsões.

O caso do Ceará, no qual até mesmo paradas cardíacas foram registradas no paciente, é considerado raro. "Tem que se estudar e ver se essa reação foi realmente consequência do contato com a espécie", afirmou Soares.

Ainda em fevereiro, o Ministério do Meio Ambiente emitiu uma série de cartazes e panfletos informativos para orientar turistas, pescadores e associações de pesca sobre como reconhecer e lidar com os animais.

De acordo com os cartazes informativos do Ministério do Meio Ambiente, o peixe-leão consegue se alimentar de peixes com tamanhos similares aos dele, pode colocar até 30 mil ovos de uma vez só e consegue comer 20 peixes em meia hora, o que prejudica o equilíbrio ambiental.

A instrução dada aos pescadores que, acidentalmente, capturarem ele é de não devolver o bicho à água.

"Coloque o dedão dentro da boca do peixe e, com a outra mão, cuidadosamente corte seus espinhos", afirma o cartaz de orientação. Após o corte dos espinhos, os pescadores foram orientados a entrar em contato com o ICMBio para a entrega do bicho.

A orientação para os que forem furados pelos espinhos do animal é procurar atendimento médico rapidamente e passar água quente no local para dificultar a ação do veneno. Os mergulhadores que o avistarem são orientados a registrar o bicho em fotografias, anotar a localização e a profundidade dele.