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Coletor de lixo demitido após vídeo de brincadeira é recontratado em SP

Vitor Celestino fingia que caminhão de lixo era carro forte - Reprodução/Facebook
Vitor Celestino fingia que caminhão de lixo era carro forte Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

17/05/2022 04h00

O coletor de lixo Vitor Celestino, 30, que perdeu o emprego em Botucatu (SP) após uma brincadeira durante o expediente ter sido vista por centenas de milhares de pessoas no TikTok, foi recontratado ontem, no Dia do Gari, pela empresa que o havia demitido. Ele deve voltar ao batente entre hoje e amanhã e comemorou o retorno, em entrevista ao UOL.

O homem contou que a mudança em seus planos profissionais ocorreu após uma intermediação feita pelo Siemanco (Sindicato Específico dos Empregados de Limpeza Urbana, Áreas Verdes, Limpeza e Conservação), que o levou até a sede da empresa Corpus, ainda ontem, e reverteu a demissão.

Ele não soube detalhar por que a mudança de ideia por parte da empresa ocorreu, mas disse que assinou papéis de recontratação e, agora, espera a confirmação da área de segurança do trabalho para retomar a função.

Em nota, a Siemaco afirmou que a demissão de Vitor foi "absolutamente injusta e arbitrária".

"Só me falaram que seria dada uma nova oportunidade pela empresa e que eu poderia começar a trabalhar hoje ou amanhã", contou.

Vitor Celestino, 30, com o filho de quatro meses - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Vitor Celestino, 30, com o filho de quatro meses
Imagem: Arquivo pessoal

Vitor acredita que sem a repercussão da história, que ganhou notoriedade nacionalmente, ele não teria recuperado o emprego. "Tenho certeza que isso não aconteceria por outras vias", afirmou.

Ele é pai de 5 filhos — um bebê de 4 meses, três meninas, de 3, 8 e 9 anos, e um adolescente de 14 anos. A mulher dele atualmente está afastada do trabalho como zeladora por causa da licença maternidade. Antes de trabalhar como coletor, ele era chapeiro.

Após a história da demissão dele ganhar destaque, o coletor recebeu mensagens de apoio. Entre eles, estava um empresário que doou uma quantia em dinheiro, cujo valor não foi mencionado, além de um quarto do Ayrton Senna e uma Bíblia.

Vitor foi recontratado após demissão polêmica em Botucatu - Siemaco/Divulgação - Siemaco/Divulgação
Vitor foi recontratado após demissão polêmica em Botucatu
Imagem: Siemaco/Divulgação

Mesmo com outras duas propostas de emprego na área, ele não teve dúvidas na hora de aceitar a recontratação na Corpus. "Preferi voltar porque o meu sonho sempre foi trabalhar lá", afirmou.

"Eu estou super feliz. Isso é o que eu almejava. É tudo o que eu queria. Eu adoro trabalhar lá", comemorou.

Agora, aliviado por ter deixado a situação de desemprego, o coletor volta aos "trilhos" do seu planejamento de vida. Ele quer economizar para ter o próprio trailer de lanches, exercendo mais uma vez a sua primeira profissão, ao mesmo tempo que não pretende abandonar a carreira.

O vídeo

O vídeo que causou a demissão de Vitor foi publicado no TikTok em abril. Na cena, ele aparece segurando um cano de papelão, olhando para os lados em alerta enquanto o colega de trabalho busca sacolas de lixo em uma calçada para colocar no veículo. Ele diz que não se lembra do dia em que a gravação foi feita — e nem sequer viu que estava sendo gravado.

"Eu estava brincando de escoltar o caminhão, como se fosse um carro forte, como se as sacolas fossem dinheiro. Era uma brincadeira apenas. Eu recebi um comunicado de suspensão no dia 22 e, na sequência, fui mandado embora", contou ele ao UOL.

Na ocasião, o Grupo Corpus, onde Vitor trabalhava, afirmou que o desligamento dele se deu "por descumprimento das instruções de trabalho".

"Ao não agir de acordo com as regras de segurança laboral, ele colocou em risco a sua integridade física e dos demais coletores", diz o comunicado.

A empresa ainda afirmou que a cena viola o Código de Integridade e Ética, que é assinado por todos os funcionários logo após a contratação. "As imagens, feitas durante o expediente, simulam uma prática de crime e atividade ilegal da qual a empresa não compactua e rejeita veementemente."