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Deslizamento soterra 6 pessoas da mesma família em bairro do Recife

30.mai.2022 - A dona de casa Elisângela Soares moradora da Vila dos Milagres - Rodrigo de Luna/UOL
30.mai.2022 - A dona de casa Elisângela Soares moradora da Vila dos Milagres Imagem: Rodrigo de Luna/UOL

Rodrigo de Luna

Colaboração para o UOL, do Recife

30/05/2022 14h04

Deslizamentos de barreira na Vila dos Milagres, bairro do Ibura, na zona sul do Recife, soterraram no sábado (28) mais de 20 moradores —entre eles, seis vítimas de uma mesma família, com duas crianças. A situação ainda é de risco nesta segunda-feira (30) na rua principal da comunidade, localizada em área de morro.

Em número de vítimas soterradas em um mesmo local, esse já é considerado o segundo pior ponto das tragédias que devastaram a região metropolitana do Recife —ao menos 91 pessoas morreram, segundo a Defesa Civil. Até o final da manhã, nove pessoas ainda eram procuradas na Vila dos Milagres. Ao menos quatro pessoas foram resgatadas com vida.

Moradores ajudavam as vítimas de um primeiro deslizamento, quando o segundo, ainda mais devastador, ocorreu.

Do alto da barreira onde agora está abrigada na casa de parentes, Tais Vitória, 18, olhava na manhã de hoje o que sobrou das casas dela e da mãe do marido: apenas escombros.

O casal escapou por pouco, mas ela perdeu a sogra, Maria Cristina da Silva, 55, e o sogro, Marcos da Silva, 52. "Foi tudo muito rápido. Quando eu vi, o barro estava arrastando a minha sala. Se meu marido não tivesse me puxado para o quarto, eu teria ido junto com o barro e os entulhos", lembra.

Taís Vitória aponta para o que restou de sua casa na Vila dos Milagres - Rodrigo de Luna/UOL - Rodrigo de Luna/UOL
Taís Vitória aponta para o que restou de sua casa na Vila dos Milagres
Imagem: Rodrigo de Luna/UOL

Assim como Taís, muitas famílias perderam tudo o que tinham. Mas a dor maior de todos é por saber que, até um dia antes, estavam bem com os amigos, familiares e vizinhos.

"É muito triste tudo o que aconteceu. Foram famílias inteiras devastadas com essa tragédia. Crianças, país, mães. Eu tenho 40 anos e nunca vi isso na minha vida", disse, em lágrimas, a dona de casa Elisângela Barbosa.

Após a retirada dos corpos dos sogros, soterrados no primeiro deslizamento, muitos moradores já tinham voltado para casa porque chovia bastante. Foi quando outras duas barreiras de outro ponto deslizaram, deixando soterradas mais de 20 pessoas. Começava novamente a correria para salvar mais vítimas.

Entre as vítimas, seis pessoas de uma mesma família: Rosileide da Silva, 44, o marido Luis, a filha Gabriela, 24, que estava junto com o marido Fabio Colaço, 41, e a filha Gabriele, 6. Um outro neto de Rosileide, Arthur, 7, está desaparecido.

"Perder uma pessoa da família assim, já é triste demais. A gente vai precisar enterrar seis", desabafou a autônoma Cristina Costa. A mãe de Arthur só escapou com o bebê porque estavam em um hospital, tratando problemas respiratórios.

Nas primeiras horas da ocorrência, sete corpos foram retirados do local, muitos pelos próprios moradores antes mesmo da chegada dos bombeiros. Outras vítimas continuam hoje sendo procuradas, entre elas, idosos, jovens, uma pessoa com deficiência que usava cadeira de rodas e não conseguiu se refugiar e crianças.

Para quem escapou da morte na vila que tem o nome de milagre, foi exatamente isso o aconteceu, pois a tragédia poderia ter sido ainda maior.