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Criança baleada: Polícia diz que reagiu a ataque de milícia aliada a Zinho

Menina de 4 anos foi atingida durante ação de policiais da Draco contra suspeitos de serem milicianos - Reprodução
Menina de 4 anos foi atingida durante ação de policiais da Draco contra suspeitos de serem milicianos Imagem: Reprodução

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

02/06/2022 12h25Atualizada em 02/06/2022 13h49

Policiais da Draco (Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas) dizem terem entrado em confronto no fim da tarde de ontem com dois suspeitos de integrar o Bando do Playboy de Curicica —milícia aliada a Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior organização criminosa do Rio. Ele é irmão de Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em operação em 2021.

A suposta troca de tiros ocorreu na rua André Rocha, na Taquara, zona oeste da capital fluminense, e acabou com uma menina de 4 anos baleada na cabeça. A criança, que voltava da escola para casa quando foi atingida, passou por cirurgia e está em estado gravíssimo.

Thiago Neves, delegado da Draco, afirmou que a criança foi atingida em um ponto diferente do confronto, mas admitiu que o disparo possa ter ocorrido em decorrência da troca de tiros.

"Somente depois que a criança foi socorrida é que os policiais souberam que ela havia sido baleada."

A viatura da Polícia Civil foi perfurada no confronto. Ainda não se sabe de qual arma partiu o disparo que atingiu a criança.

Ainda de acordo com Neves, uma equipe da Draco foi ao local checar denúncias sobre extorsão contra comerciantes e foi alvo de disparos.

"Recebemos denúncias de moradores acerca das extorsões que eram praticadas no local. Uma equipe se dirigiu para lá e constatou o veículo com dois milicianos parando em cada comércio e recebendo o dinheiro. Quando os policiais foram abordar, um miliciano começou a efetuar os disparos contra a equipe, que revidou", relatou o delegado.

Segundo a polícia, um homem foi preso e um comparsa dele fugiu —eles não tiveram as identidades divulgadas. Uma pistola e um carro roubado foram apreendidos.

Ao UOL, um tio da menina já havia informado que a sobrinha foi atingida durante confronto entre policiais civis e milicianos. Ela foi baleada depois de ter saído da escola e parado com a mãe para comprar pipoca. A mãe da menina está grávida de três meses.

Segundo o parente, ela passou por cirurgia e a família aguarda informações sobre a evolução do quadro de saúde.

"A informação que a gente tem é que ela operou e agora está em análise. São as informações que temos do hospital. Ela foi baleada quando parava para comprar pipoca, a pipoca que sempre gostou. O que ficamos sabendo é que teve tiro entre policiais e milicianos na região", contou.

A criança estava de uniforme escolar quando foi atingida. As roupas ficaram manchadas de sangue.

Em nota, a Polícia Civil informou que uma perícia foi realizada no local e testemunhas foram ouvidas. "Imagens de câmeras de segurança da região estão sendo solicitadas pela unidade. Diligências seguem para esclarecer a origem do disparo que atingiu a vítima."

Milícia de Zinho

Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu o comando da maior milícia do Rio de Janeiro, em junho do ano passado, após a morte do irmão, Wellington da Silva Braga, em uma operação da Polícia Civil do Rio para prendê-lo na zona oeste.

O grupo de milicianos é responsável por obter dinheiro com a exploração do transporte alternativo, taxas de segurança de moradores e comerciantes e exploração de TV clandestina, entre outras atividades. Os recursos são arrecadados mediante extorsão.

A zona oeste da cidade é a região da capital mais explorada por diferentes grupos de milicianos.