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Mulher de repórter desaparecido pede 'ações urgentes' de autoridades; leia

O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira  - Foto@domphillips no Twitter e Bruno Jorge/ Funai
O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira Imagem: Foto@domphillips no Twitter e Bruno Jorge/ Funai

Colaboração para o UOL, em Brasília

06/06/2022 20h31

A mulher do jornalista Dom Phillips, Alessandra Sampaio, fez hoje um apelo para que as autoridades brasileiras tomem "ações urgentes" a fim de localizar o marido e também o servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) Bruno Araújo Pereira, desaparecidos desde ontem. Eles se deslocavam de barco pelo rio Itaquaí após visita à Terra Indígena do Vale do Javari (Amazonas), território que tem sido invadido por caçadores, pescadores e madeireiros.

Ele poderia viver em qualquer lugar do mundo, mas escolheu viver aqui. Quinze anos atrás, Dom deixou seu país, a Inglaterra, para viver no Brasil. Autoridades brasileiras, nossas famílias estão desesperadas
Alessandra Sampaio, mulher de Dom Phillips, repórter do The Guardian

O sumiço deles foi divulgado hoje em nota assinada pela principal associação indígena do Vale do Javari (Unijava) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. A Polícia Federal, a Funai, o Ministério Público Federal, a Marinha e o governo do Amazonas estão envolvidos nas buscas.

Segundo a nota, os dois deveriam voltar para a região de Atalaia do Norte, mas antes fizeram uma pausa agendada na comunidade ribeirinha São Rafael para visitar um líder comunitário conhecido como "Churrasco".

Leia a íntegra do que diz Alessandra Sampaio

"Quero implorar às autoridades brasileiras que busquem meu marido, Dom Phillips, e seu parceiro de expedição, Bruno Pereira, com urgência. No momento em que faço este apelo, eles já estão desaparecidos há mais de 30 horas no Vale do Javari, uma das regiões mais conflagradas da Amazônia. Na floresta, cada segundo conta, cada segundo pode ser vida ou morte. Sabemos que, depois que anoitece, se torna muito difícil se mover, quase impossível encontrar pessoas desaparecidas.

Uma manhã perdida é um dia perdido, um dia perdido é uma noite perdida. Só posso rezar para que Dom e Bruno estejam bem, em algum lugar, impedidos de seguir por algum motivo mecânico, e tudo isso vire apenas mais uma história numa vida repleta delas. Conheço, porém, o momento vivido pela Amazônia e conheço os riscos que Dom sempre denunciou como jornalista. A noite agora se aproxima e Dom está em algum lugar da floresta esperando por ajuda.

Como atravessar essa noite sabendo que Dom está desaparecido? Quero dizer a vocês que Dom Phillips, meu marido, ama o Brasil e ama a Amazônia. Ele poderia viver em qualquer lugar do mundo, mas escolheu viver aqui.

Quinze anos atrás, Dom deixou seu país, a Inglaterra, para viver no Brasil. Autoridades brasileiras, nossas famílias estão desesperadas. Por favor, respondam à urgência do momento com ações urgentes. Governo do Brasil, onde estão Dom Phillips e Bruno Pereira?"