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Polícia nega prisões e diz que ouviu duas pessoas sobre sumiço na Amazônia

Beatriz Gomes e Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

06/06/2022 23h45Atualizada em 07/06/2022 16h11

As autoridades negaram hoje a prisão de duas pessoas supostamente ligadas ao sumiço do indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), e do jornalista britânico Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, desaparecidos desde a manhã deste domingo (5) no Vale do Javari (AM), na Amazônia.

A PF (Polícia Federal) diz ter identificado ontem duas pessoas que tiveram contato com o indigenista e com o repórter, vistos pela última vez em um barco após saírem da comunidade Ribeirinha São Rafael. A dupla então foi conduzida à Polícia Civil de Atalaia do Norte para prestar esclarecimentos e liberada em seguida.

Em nota, a PF informou que participou de incursões com o apoio da Marinha na calha do Rio Itaquaí, no trecho entre a frente de proteção etnoambiental itui-itauqai e Atalaia do Norte.

"Foi possível identificar duas pessoas que tiveram contato com os desaparecidos, encaminhadas à Polícia Civil de Atalaia do Norte para prestar esclarecimentos. Porém, nenhuma delas foi presa", informou a PF. Ontem, o jornal "O Globo" noticiou a prisão de duas pessoas. O UOL também publicou a prisão creditando a informação ao jornal.

Ainda de acordo com a PF, as buscas foram retomadas hoje de manhã com o apoio de um helicóptero sobrevoando a região.

A informação sobre os depoimentos das duas pessoas que tiveram contato com o jornalista inglês e com o indigenista foi confirmada pela Polícia Civil do Amazonas, que também participa das buscas hoje.

Segundo o "Globo", os homens ouvidos pela Polícia Civil seriam pescadores identificados somente pelos apelidos de "Churrasco" e "Jâneo". A informação não foi confirmada nem pela PF nem pela Polícia Civil.

O líder comunitário "Churrasco" já havia sido citado em declarações que apontaram que ele teria uma reunião agendada com Bruno Pereira para consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na região.

A Marinha enviou hoje um helicóptero, duas embarcações e uma moto aquática para procurar por Bruno e Dom Phillips. A instituição informou ter enviado ao local, às 11h40 de segunda-feira, uma equipe com sete militares e uma lancha para iniciar as buscas. As ações tiveram início à tarde nos rios Javari, Itaquaí e Ituí, no interior do Amazonas.

Entenda o caso

Bruno e Dom foram vistos pela última vez por volta das 7h de domingo (5) em um barco após saírem da comunidade Ribeirinha São Rafael, no Vale do Javari, na Amazônia. De lá, partiram para a cidade de Atalaia do Norte, onde eram aguardados por duas pessoas ligadas à Univaja (Organização Representativa da terra indígena do Vale do Javari). Após um atraso de mais de duas horas, foi dado início às buscas.

A Univaja informou que a dupla se deslocou inicialmente para visitar uma equipe de vigilância indígena próximo à localidade chamada Lago do Jaburu, nas imediações da base da Funai no Rio Ituí, para que o jornalista conversasse com indígenas no local.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

As entrevistas, segundo a Univaja, foram feitas na sexta-feira (3). No retorno, ainda de acordo com a entidade, a dupla foi à comunidade São Rafael, onde Bruno Pereira tinha reunião agendada com o líder comunitário conhecido como "Churrasco" para consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na região, afetada pela ação de invasores.

Ainda segundo a Univaja, Bruno se reuniu com a esposa do líder comunitário, já que ele não estava no local. De lá, partiu em uma embarcação com o jornalista britânico Dom Phillips para Atalaia do Norte. Contudo, a dupla desapareceu antes de chegar ao destino combinado. Até o início da noite de segunda-feira não havia informação sobre o paradeiro dos desaparecidos.