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Homem adota filho da ex que morreu de câncer no RS e reação dele emociona

Rodrigo Medina Lopes adotou Bruno Carneiro, de 11. Pai e filho moram em Porto Alegre - Arquivo Pessoal/Instagram
Rodrigo Medina Lopes adotou Bruno Carneiro, de 11. Pai e filho moram em Porto Alegre Imagem: Arquivo Pessoal/Instagram

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

07/06/2022 04h00

Depois de mais de nove anos de espera, o corretor e executivo hoteleiro Rodrigo Medina Lopes, 45, agora pode dizer que formalmente é o pai de Bruno Carneiro, 11. O garoto, filho da sua ex-esposa, é criado por ele desde 2013, quando a mãe do menino morreu vítima de câncer.

Rodrigo e Bruno vivem em Porto Alegre e finalmente conseguiram formalizar a adoção em 20 de maio, mas o caso emocionou milhares de usuários das redes sociais após um vídeo publicado pelo corretor. Nele, é registrada a reação do garoto ao ver a sua nova certidão de nascimento, agora com a inclusão do sobrenome do pai.

"Ele sempre esperava isso, mas não sabia quando iria sair. Deixei o celular ligado gravando e ficou tão bonita a reação que decidi postar nas redes sociais. Dizem que sou um exemplo, mas para mim, ele já era o meu filho. Só faltava a nova certidão", comentou.

Pai adota filho da ex que morreu de câncer no RS

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Pedido de adoção surgiu no leito de hospital

Rodrigo ficou casado por 12 anos com Rejane Carneiro, mãe de Bruno. Eles tiveram uma filha juntos, atualmente com 27 anos.

O casal se separou, mas a amizade permaneceu. Rejane teve outro relacionamento que gerou Bruno, nascido em dezembro de 2010. Menos de um ano depois de dar à luz, a mulher descobriu um câncer no útero, e morreu em 2013.

Antes de perder a luta para o câncer, Rejane pediu para que Rodrigo cuidasse do filho em razão do carinho que já demonstrava com a criança e pela maneira zelosa como tratava a filha deles. O pedido ocorreu no leito do hospital na presença dos familiares da mulher, o que foi prontamente aceito por todos os presentes.

"Ela pediu para que eu cuidasse dele como cuidei da nossa filha para não separá-los. Foi assim que iniciamos o processo de adoção. Acredito que demorou formalizar porque ela tentou buscar o exame de DNA com o pai biológico, mas como nunca houve interesse dele, a Justiça deu andamento no nosso caso", relata.

Rodrigo já mantinha laços afetivos com Bruno, mesmo antes de a ex-esposa morrer, pois ele auxiliava nos cuidados com o garoto enquanto ela lutava contra o câncer. Após a morte da mãe, a relação apenas estreitou.

Eu conheço Bruno desde o nascimento, o levei para cortar cabelo pela primeira vez e éramos próximos porque sou pai da irmã dele. Era uma relação mais de amizade do que afetiva. Agora é amor de pai e filho. Mas antes de morrer, a mãe pediu na frente da família para que Bruno ficasse comigo, o que não teve nenhum problema. Todos se dão super bem.
Rodrigo Medina, corretor e pai de Bruno

Certidão descoberta por acaso

Apesar de Rejane querer que Rodrigo adotasse o filho, o processo judicial passou por todos os trâmites: entrevistas, visitas de assistentes sociais, consultas com psicólogos e demais burocracias.

De acordo com Rodrigo, até a aprovação da adoção, a responsável legal era a avó materna. Isso resultava em problemas burocráticos, como o impedimento de viagens. Foi em uma tentativa de levar Bruno para o Rio de Janeiro, no fim de maio, inclusive, que o corretor descobriu, por acaso, que a certidão já estava pronta.

"Ele nunca conseguiu viajar de avião por causa da certidão. Quando eu liguei para o fórum para saber do processo, recebi o retorno de que saiu o documento. Foi uma surpresa. Parei no meio da estrada e comecei a chorar porque esperei por isso por nove anos", lembra.

Como Rodrigo também foi diagnosticado com câncer em 2021, no intestino, ele revela que decidiu registrar o momento de informar o documento para o filho adotivo como uma forma de eternizar a cena.

Agora, o pai diz que Bruno será seu dependente formal em tudo, como em planos de saúde, em registros da escola e carregará o seu sobrenome, Lopes, em emissões de novos documentos.

"Além de tudo isso, agora vai carregar meu nome, o que nada mais é do que justo, pois criei, cuidei, levo para escola, moramos juntos e convivemos desde quando ele era bebê. Acho que realizei o sonho da mãe dele", finalizou.