Entidades criticam omissão do governo em busca por indigenista e jornalista
Quatro organizações indigenistas acusam o governo brasileiro de omissão nas buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips, que estão desaparecidos na Amazônia desde o último domingo (5). Em nota, elas afirmam que "as informações acerca do cenário das buscas revelam a omissão dos órgãos federais de proteção e segurança, assim como das Forças Armadas".
"Assistimos uma vez mais o atual Governo Brasileiro se omitir de suas responsabilidades diante da escalada de violência contra os povos indígenas e defensores de direitos humanos no Brasil", escreveram.
O texto divulgado na última terça-feira (7) é assinado pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), OPI (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
Na nota as organizações detalham os esforços para conseguir apoio institucional para as buscas e denunciam que pediram que ao menos 25 militares do Exército fossem deslocados para atuar, mas que nenhum tinha sido enviado até o momento. Elas também consideram insuficiente a participação de apenas um delegado da Polícia Militar na investigação.
"A região do desaparecimento condensa conflitos graves num clima de violência em que madeireiros, pescadores ilegais e o narcotráfico internacional exercem suas atividades no entorno e no interior da Terra Indígena Vale do Javari, diante da incapacidade e omissão dos órgãos responsáveis pela fiscalização e proteção dos territórios indígenas", explicaram.
Esse cenário exige uma intervenção organizada e bem articulada das forças de segurança pública, numa necessária interlocução e cooperação com as organizações indígenas locais, que têm assumido desde o primeiro momento a iniciativa pelas buscas.
Entidades indigenistas em nota
Outras organizações também cobram governo
Além da organizações já mencionadas, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a INA (Indigenistas Associados) também criticam o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) pela atuação neste caso.
"O que ocorre no Vale do Javari está intrinsecamente relacionado ao desmonte das políticas e órgãos públicos de proteção aos povos originários e aos seus territórios - acompanhado do enfraquecimento das Bases de Proteção Etnoambientais da Funai, responsáveis pela fiscalização da área", diz a nota do Cimi.
A entidade ainda destaca o fato de que organizações que atuam na região já haviam denunciado invasões sistemáticas na terra indígena do Vale do Javari e diz que é preocupante que isso aconteça "onde existe a maior concentração de povos isolados, ou em isolamento voluntário no mundo."
A INA, por sua vez, rebateu a fala do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, que disse que a missão não foi comunicada ao órgão e que a Funai não emitiu nenhuma permissão para ingresso. Para a INA, as insinuações são "equivocadas, no mínimo".
O UOL procurou o Ministério da Defesa e a Secretária de Comunicação da Presidência da República e aguarda um posicionamento sobre as acusações.
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