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Polícia busca digitais e material genético em lancha de suspeito por sumiço

Parentes de Dom Phillips fazem vigília em frente à embaixada do Brasil em Londres - Reprodução/TV Globo
Parentes de Dom Phillips fazem vigília em frente à embaixada do Brasil em Londres Imagem: Reprodução/TV Globo

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

09/06/2022 13h34

Peritos criminais irão buscar pelas impressões digitais e por material genético na lancha do homem tratado pela Polícia Militar como suspeito de envolvimento no desaparecimento na Amazônia do jornalista Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, e do indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Com o uso de luminol, os agentes investigam a possibilidade de existência de vestígios de amostra biológica e digitais do suspeito e de possíveis tripulantes. As ações periciais, conduzidas pela Polícia Civil, foram divulgadas pelo comitê de crise coordenado pela Polícia Federal.

A operação de busca de material genético na embarcação será coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e contará com a participação de um perito do Departamento de Polícia Técnico-Científica.

Preso em flagrante desde terça-feira (7) por posse de munição de uso restrito, Amarildo da Costa de Oliveira, 41, conhecido como "Pelado", foi apontado por testemunhas como o dono de uma lancha verde com a logomarca da Nike.

"Não há provas que liguem Amarildo ao caso de desaparecimento", disse o advogado Ronaldo Caldas da Silva Maricaua, que representou Amarildo até ontem.

A embarcação foi vista por essas testemunhas navegando logo atrás do barco que transportava o indigenista e o jornalista, no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, segundo a polícia. Contudo, a Polícia Federal informou ontem ainda não ter encontrado relação entre o suspeito e o desaparecimento.

"As testemunhas, pessoas que estavam na comunidade de São Rafael, relataram que viram a lancha [de Amarildo] passar. Mas o suspeito foi preso por causa do material que ele estava utilizando. Não é comum uma pessoa estar com munição 762, então estamos investigando. Ele está sob custódia da segurança pública e estamos fazendo as oitivas para ver se existe ligação dele com o que aconteceu, mas por enquanto não temos nada", disse o general Carlos Alberto Mansur, secretário de Segurança do Amazonas.

A região do Vale do Javari possui uma área de 85 mil km quadrados, o equivalente a 7% do Amazonas. A Justiça Federal determinou ontem o envio imediato de helicópteros, embarcações e equipes de buscas para a região.

A decisão é uma resposta à ação civil pública em conjunto entre a Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público Federal e a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), solicitando o apoio imediato do governo federal nas buscas.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

O que se sabe sobre as investigações e as buscas

Um suspeito e quatro testemunhas foram ouvidos, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. O MPF (Ministério Público Federal), que abriu investigação do caso, acionou Polícia Federal, Polícia Civil, Força Nacional e Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari.

A equipe de busca e salvamento vasculha os rios Javari, Itaquaí e Ituí desde segunda-feira (6). Sete militares da Capitania Fluvial de Tabatinga (AM), duas lanchas, uma moto aquática e um helicóptero estão sendo usados nos trabalhos, segundo a Marinha.

Mergulhadores estão no local, mas não chegaram a atuar nos rios, porque não foram encontrados vestígios da embarcação ou sinais de conflitos. "Eles mergulham quando a gente identifica um local e suspeita que possa ter algo lá", disse o subcomandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel Agenor Teixeira Filho.

Por onde eles passaram

Segundo a Univaja, Bruno e Dom foram visitar uma equipe de vigilância indígena perto do lago do Jaburu, nas imediações da base da Funai no rio Ituí, para que o jornalista pudesse conversar com indígenas que vivem no local.

As entrevistas ocorreram na última sexta-feira (3). Na volta, pararam na comunidade ribeirinha São Rafael, onde Bruno teria uma reunião com o líder comunitário "Churrasco". Como o líder não estava no local, Bruno, então, conversou com a esposa dele antes de sair.

A dupla foi vista pela última vez por volta das 7h de domingo (5), a bordo de um barco. Eles sumiram no trajeto entre São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde eram aguardados por duas pessoas ligadas à Univaja.