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Jornal: Suspeita de envenenamentos cuidou de 14 crianças e ganhou R$ 48 mil

Cintia Mariano Dias Cabral está presa temporariamente em Realengo, no Rio de Janeiro - Reprodução/Facebook
Cintia Mariano Dias Cabral está presa temporariamente em Realengo, no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

09/06/2022 10h21Atualizada em 09/06/2022 15h45

Suspeita de envenenar os enteados, Cíntia Mariano Dias Cabral, 49, cuidou de 14 crianças durante oito anos por meio do programa Família Acolhedora e recebeu R$ 48 mil como ajuda de custos para cuidar dos acolhidos, segundo informações do Jornal O Globo. Ela se envolveu no programa entre 2013 e 2021 na cidade do Rio de Janeiro.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Assistência Social cedidos ao O Globo, a madrasta teve o primeiro contato com crianças em situação de acolhimento em 2013 e recebeu R$ 450 mensais de bolsa-auxílio nos dois primeiros anos. A partir de 2015, o valor passou para R$ 688, totalizando R$ 48 mil ao longo desse tempo. O benefício serve a fim de amparar financeiramente os custos da criança ou adolescente acolhido.

A Secretaria Municipal de Assistência Social afirmou que Cíntia foi habilitada no programa em 9 de setembro de 2011, "após passar por criterioso processo de habilitação, envolvendo as fases de seleção, preparação, cadastramento e acompanhamento, por entrevistas, visitas domiciliares e capacitações" exigidos pelo Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente). A pasta ainda explicou que esse processo todo dura quatro meses, e que tudo é acompanhado pela Vara da Infância, da Juventude e do Idoso.

A secretaria informou que, desde 1997, quando o programa foi implantado na cidade do Rio de Janeiro, seis mil crianças e adolescentes conseguiram acolhimento, que visa garantir proteção e cuidado através da convivência familiar até a família biológica ter condições de recebê-lo de volta. Se isso não for possível, uma família substituta é arranjada.

Entenda o caso

Cintia foi presa no último dia 15, após o enteado Bruno Cabral, 16, dar entrada no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, zona oeste do Rio, com rebaixamento do nível de consciência, produção excessiva de saliva, com as pontas dos dedos e dos pés azulados e espasmos musculares. O prontuário médico obtido pelo UOL aponta que o paciente sofreu intoxicação exógena (causada pelo contato com substâncias químicas).

O rapaz relatou que começou a passar mal após um jantar preparado para madrasta. Ele chegou a ser queixar do sabor amargo do feijão e notar fragmentos azuis na comida.

À polícia, Cintia alegou que o jovem se referiu a um tempero industrializado, usado na comida, e que não foi absorvido pelo feijão. A defesa afirma que a mulher é inocente e considerou a prisão como desnecessária.

Cintia também é suspeita de envenenar a enteada, Fernanda Cabral, irmã de Bruno, em março deste ano. Fernanda morreu depois de apresentar os mesmos sintomas que o irmão. Ela ficou 13 dias internada na mesma unidade de saúde. Na ocasião, a equipe médica não desconfiou de intoxicação por chumbinho e ela faleceu.

A Polícia Civil realizou na semana passada a exumação do corpo da jovem atrás ainda de vestígios que possam indicar se houve envenenamento e aguarda o laudo de um antipulga achado na cozinha da família. A Justiça concedeu ainda a quebra de sigilo telefônico e telemático do celular de Cintia.