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Sargento do Exército é preso por matar bancário com tiro em balada no RS

Wesley Ferreira da Nova, de 24 anos, foi morto por sargento do Exército - Arquivo Pessoal
Wesley Ferreira da Nova, de 24 anos, foi morto por sargento do Exército Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

20/06/2022 15h27Atualizada em 20/06/2022 23h10

O bancário e estudante de educação física Wesley Ferreira da Nova, de 24 anos, morreu ontem após ser atingido por um tiro. Segundo a Polícia Civil, ele foi disparado por um sargento do Exército, que o identificou como Edylucas dos Santos Silva, 28. O crime aconteceu em uma boate de Uruguaiana, a 631 km de Porto Alegre.

De acordo com a Polícia Civil, Edylucas estava acompanhado da ex-namorada de Wesley na festa, o que gerou um desentendimento entre eles, quando o sargento viu o bancário conversando com a mulher.

Em depoimento, o suspeito confessou o disparo e alegou legítima defesa, mas testemunhas negaram a versão apresentada pelo sargento.

"Em um primeiro momento houve um desentendimento entre os dois em razão da ex da vítima. Nisso, o Wesley sai para uma área para fumantes, mas depois essa ex e o militar também vão. Lá, há outro desentendimento seguido do disparo. A moça namorou a vítima por quatro anos e conheceu o suspeito naquela mesma noite, horas antes do crime", relatou ao UOL o delegado Róbinson Palominion.

O sargento usou no assassinato uma pistola G2C 9 milímetros. A arma era de uso próprio. Além dele, outros dois militares também acabaram presos na confusão, sendo um por porte ilegal de arma de fogo e o outro por desacato e lesão corporal.

Edylucas continua detido após a prisão preventiva ter sido decretada pela Justiça, enquanto os demais foram soltos ao longo do domingo (19). O sargento está em uma cadeia militar. A Polícia Civil não soube informar se o militar já tem defesa. A reportagem questionou o TJRS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) para saber se sargento já possui advogado e aguarda retorno.

O suspeito confesso é natural do Pará e havia sido transferido para o Rio Grande do Sul. Ele serve à 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. Segundo o delegado, o militar será indiciado por homicídio qualificado consumado.

Em nota, o Exército informou que, "por não se tratar de um crime militar, a Polícia Civil vem conduzindo as investigações".

"A 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada lamenta o falecimento ocorrido e se solidariza com os amigos e familiares", completa no comunicado.

'Não tem como descrever nossa dor'

Wesley era funcionário do Banrisul (Banco do Rio Grande do Sul) e ligado ao Carnaval e esportes em Uruguaiana. Era o filho mais velho de uma professora, que agora busca se recuperar com o apoio da caçula, de 13 anos.

Ao UOL, um primo da vítima, Everton Alves, afirmou que a família tenta se conformar com o acontecido e pede Justiça para o caso.

Não tem como descrever nossa dor agora, porque estamos falando de uma pessoa não dava problemas ou dificuldades à nossa família. Era jovem, alegre e com todo o gás, pois conciliava estudo e trabalho ao mesmo tempo. Agora teve a sua vida ceifada pela irresponsabilidade de um bandido que andava armado em um local que deveria ser apenas de alegria. Everton Alves, primo da vítima.

Wesley foi sepultado hoje, por volta das 14h, no cemitério de Uruguaiana.

Vítima recebe homenagens

A morte do jovem gerou comoção na cidade fronteiriça. Em nota, a Campus de Uruguaiana da Unipampa (Universidade Federal do Pampa), onde Wesley cursava educação física, emitiu nota de pesar.

"A instituição, por meio de sua comunidade acadêmica, estende seu sentimento de pesar à família e aos amigos do acadêmico".

A Reitoria da Unipampa exigiu "transparência e a celeridade nas investigações que, neste momento, estão sendo conduzidas pela Polícia Civil".

"A Justiça deve ser feita para que casos como esse jamais se repitam", reforça o reitor da Instituição, Roberlaine Ribeiro Jorge.

"Muito revoltada com o assassinato do Wesley. Um militar resolve ir armado a uma festa, pra quê? O que faz estas pessoas se acharem acima do bem e do mal e andarem armadas sem necessidade?", postou uma professora da Unipampa.

A prefeitura de Uruguaia lamentou o assassinato nas redes sociais, dizendo que "no esporte, Wesley cativou a muitos pelo seu jeito espontâneo, sua vontade de viver e a inspiração em manter suas amizades através das brincadeiras".

"Amante do Carnaval e tendo fortes raízes na maior festa popular brasileira, mantinha um grande grupo de amizade oriundo das escolas de samba de Uruguaiana", completou.