Com facão na mão, deputado xinga transgêneros: 'Deixou o Diabo enganar'
Cercado por um grupo de dependentes químicos em recuperação na Bahia, o deputado federal Sargento Isidório (Avante) xingou pessoas transgênero com um facão na mão durante um discurso no mês passado em uma instituição que atende pessoas que tentam se recuperar da dependência das drogas.
Em imagens divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, o parlamentar aparece falando ao microfone e dizendo que "você deixou o diabo lhe enganar" as se referir a transgêneros.
"Você deixou o Diabo lhe enganar. Você deixou o médico cortar seu pé de sofá. Ela pensa que tem bilau. O Diabo diz ao homem que ele pode ser mulher, aí ele se veste todo, bota silicone", afirmou Isidório.
Em outro momento, o deputado diz que essas pessoas devem "procurar um jegue". "Cabelinho quer rapá (sic). Vai procurar um jegue. Você nasceu foi macho, rapaz", disse.
A reportagem ainda mostra o parlamentar zombando de profissionais da medicina que atendem pessoas que recebem atendimento psiquiátrico. "Meu psiquiatra chegou. Seu psiquiatra chegou", afirmou o deputado em tom de deboche.
As imagens foram exibidas em reportagem que investigou o descaso pela ciência no tratamento de dependentes químicos em instituições que recebem dinheiro público. Além dessas humilhações, a apuração mostrou que pacientes transgêneros também são alvos de repressão por conta de suas orientações sexuais.
De acordo com o Fantástico, as comunidades terapêuticas têm recebido cada vez mais dinheiro público ao longo dos anos. Essa verba normalmente é repassada por municípios, estados e pela União. Em 2019, somente do Ministério da Cidadania, que é o responsável pelo programa de comunidades terapêuticas, saíram mais de R$ 81 milhões. No ano passado, o valor chegou a R$ 134 milhões, um aumento de 65%.
Procurado pela reportagem, Isidório disse que é colaborador voluntário da instituição na qual foi filmado xingando transgêneros e que atua na orientação pastoral para "restaurar" vidas e famílias.
Deputado já quis criminalizar a palavra 'Bíblia'
Eleito em 2019, logo que assumiu o mandato, Isidório soube da confecção de um livro que pretendia reeditar trechos homofóbicos da tradicional Bíblia cristã, a chamada "Bíblia gay".
Ele decidiu, então, redigir o PL (projeto de lei) 2/2019, que criminaliza o uso da palavra "Bíblia" ou "Bíblia Sagrada" em outros contextos. A punição para os infratores: pena de até 5 anos de detenção.
O texto proposto pelo deputado acabou entrando na pauta Câmara e, com isso, ele acabou desistindo da ideia. Ao UOL TAB, Isidório afirmou que "estava com raiva" quando propôs o PL.
"Parei para pensar no significado da palavra e me arrependi. Não quero mais que esse projeto vá para frente, porque entendi que proibindo o uso da palavra 'Bíblia' eu estaria excluindo livros que pretendem ser um 'manual', como uma 'Bíblia do engenheiro', 'Bíblia do jornalista', e assim por diante.", disse o parlamentar.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.