Topo

Esse conteúdo é antigo

TV divulga áudio em que Bruno se diz perseguido pela Funai: 'Foi tomada'

O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira - Bruno Jorge/Funai
O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira Imagem: Bruno Jorge/Funai

Do UOL, em São Paulo

21/06/2022 18h08Atualizada em 21/06/2022 18h08

Indigenista assassinado na região do Vale do Javari no começo de junho, Bruno Pereira gravou um áudio em maio, no qual denunciava 'apropriação' da Funai (Fundação Nacional do Índio) pelo governo e perseguição contra ele. Restos mortais de Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips foram encontrados no Javari na semana passada.

No áudio recebido pela CNN Brasil, o indigenista afirma que estava sendo perseguido pela Funai, a qual o servidor foi licenciado, e sendo julgado "quase como um chefe de milícia". Segundo Pereira, ele estava sendo atormentado pelo órgão, desde o começo do governo de Jair Bolsonaro (PL).

O UOL entrou em contato com a Funai para comentar o áudio. O texto será atualizado em caso de manifestação.

"Aí, você vê, né, como o presidente usa atividade essencial para o cara ir lá pintar os 'korubos', sabe? E aí, os servidores que me denunciaram para, né, para a corregedoria, para 'Pad', que eu estou respondendo, quase como um chefe de milícia, sabe?", afirmou.

Acrescentando: "Ninguém abre um 'ai'. E ninguém, quando a gente foi acusado ali embaixo, disso e de assado, ninguém abre um 'ai', né?".

O indigenista afastou-se da Funai e apontou, no áudio, que já sabia que o processo seria "uma luta ferrenha". Pereira também acusou o responsável por um cargo de DAS (Direção e Assessoramento Superior), de tentar fingir "que esse governo não é anti-indígena".

"Quando pedi meu afastamento, sabia que ia ser dessa forma, sabe? Sabia que ia ser uma luta ferrenha e estava preparado para isso, tenho meus filhos pequenos para dar de comer também, tenho toda uma história, tenho minha imagem, eu tenho também minha reputação, que eu, pelo que já lutei, já vivi, mas eu não conseguiria ficar ali. caladinho", disse.

"O fulaninho do DAS 1, para se garantir, fica fingindo que esse governo não é anti-indígena, mas nós que estamos aqui. Quem é tu cara pálida? Foi totalmente abduzido, tomada, se apropriaram da Funai, todos nós sabemos disso", acusou o indigenista.

Incentivando seus outros colegas a "não baixar a cabeça", Bruno Pereira afirmou que o governo Bolsonaro e a diretoria da Funai sabiam "muito bem pelo que eu luto".

"Mas isso aí só gera [...] e mais luta, né? Não vamos baixar a cabeça, não. Força aí, não desanime. Estar perto de mim é criptonita, é tóxico para essa direção. Eu me sinto bem por isso. Triste pelo todo, né? Bem no sentido de que bom que eles sabem muito bem o terreno marcado pelo que eu luto, né? Eu sei de que lado e quais as lutas que eu estou combatendo, né? Onde a gente está ganhando e onde a gente está perdendo", afirmou.

Pereira e Phillips desapareceram no dia 05 de junho na região do Vale do Javari. Com as mortes confirmadsa pela Polícia Federal, as investigações continuam para descobrir se haviam mandantes no assassinato.

Outro áudio de Bruno denunciava presença de garimpeiros ilegais

O indigenista também denunciou crimes de garimpeiros na Terra Indígena Vale do Javari em maio. O servidor afastado da Funai gravou áudio relatando a presença de garimpeiros ilegais na região.

O áudio divulgado pela GloboNews ontem traz Bruno Pereira dizendo que os trabalhadores ilegais estavam do lado da "aldeia antiga", relatando que dava para escutar as dragas, embarcações para garimpo que revolvem o fundo de um rio para filtrar o ouro. Além disso, o indigenista afirmou que "o Rio Coruru tá empestado de balsa de garimpo".