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Mulher fica sem parte do nariz após cirurgia: 'Difícil me olhar no espelho'

Elielma Carvalho Braga teve a vida totalmente alterada devido à procedimento que não foi bem - Arquivo pessoal
Elielma Carvalho Braga teve a vida totalmente alterada devido à procedimento que não foi bem Imagem: Arquivo pessoal

Luccas Lucena

Do UOL, em São Paulo

06/07/2022 20h14Atualizada em 06/07/2022 20h14

Uma mulher de 37 anos ficou com parte do nariz necrosado e teve a vida alterada para pior após uma cirurgia de alectomia malsucedida realizada por um dentista em Aparecida de Goiânia, em Goiás. O procedimento consiste em afinar o nariz.

A esteticista Elielma Carvalho Braga contou ao UOL que já entrou com processo na Justiça por danos morais e estéticos contra o dentista Igor Leonardo Soares Nascimento. Ele alegou ter prestado apoio à vítima após o ocorrido.

Elielma relata que fez o procedimento em junho de 2020, quando viu anúncios do trabalho do dentista e procurou saber como funcionava o procedimento. Ela então contratou um pacote de procedimentos, incluindo bichectomia e alectomia. No caso do afinamento do nariz, o CFO (Conselho Federal de Odontologia) proibiu que dentistas realizassem a cirurgia a partir de agosto de 2020, pouco antes de a esteticista ser submetida.

A primeira cirurgia deu certo e ela voltou um mês depois para a alectomia. Mas, já na manhã após o procedimento, Elielma começou a sentir os efeitos negativos e ver o roxo no local. A princípio, ela achou que seria algo normal, porém viu que não melhorava com o tempo.

"No terceiro dia ficou pior, era muita dor, muita mesmo. Ele [dentista] receitou uma pomada e na hora que passei queimou meu rosto. Pensei que iria sarar, mas nada disso aconteceu. Voltei lá no consultório dele no quarto dia e saia água, pus e parecia que era queimadura mesmo", disse Elielma.

Elielma revelou que entrou com processo por danos morais e estéticos contra o dentista - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Elielma revelou que entrou com processo por danos morais e estéticos contra o dentista
Imagem: Arquivo pessoal

Leonardo a levou para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para tentar corrigir o problema, mas também não houve solução.

"Ele me levou para UPA, mas tinha que ter me levado para o cirurgião, certeza que ele saberia o que fazer para interromper o processo de necrosa", disse a esteticista.

A mulher conseguiu ajuda de um cirurgião, que, segundo ela, a auxiliou no processo, "diferentemente do dentista". "O cirurgião nunca me cobrou nada, e o dentista sumiu. Só apareceu essa semana quando fui atrás da mídia".

Mudança de vida

Desde o problema, já foram necessárias 13 cirurgias de enxerto e tratamento no rosto de Elielma. Ela diz que vai passar por mais procedimentos pela dificuldade em respirar. A vítima agora usa alargador nas narinas para ajudar na respiração, o que, de acordo com ela, não ajuda muito.

Minha vida é da sala para cama, da cama para sala. Uso máscara e parei de trabalhar. Trabalhava com limpeza de pele e até parei. Não me sentia bem, me sentia nervosa. Tentava fazer limpeza simples em cliente, mas dava nervoso. Elielma Carvalho Braga.

A esteticista também afirmou que as amigas e a família ajudam bastante no processo de recuperação, mas cita que ir em busca de ajuda psicológica é complicado devido a sua insegurança.

"Para ir à terapeuta é difícil. Ela tem que olhar para mim. Minha vida é chorar. É difícil me olhar no espelho".

Dentista alega que problema não foi por cirurgia

Igor Leonardo Soares Nascimento se defendeu e alegou que prestou apoio a paciente. "Custeei os medicamentos e tratamentos posteriores com outros colegas. Nunca a deixei desamparada em termos financeiros e acompanhei de perto seu tratamento posterior ao ocorrido".

Ele também avalia que não foi a alectomia que gerou o problema, mas a Síndrome de Nicolau — uma complicação considerada rara e caracterizada por necrose tecidual que ocorre após a injeção de medicamentos.

"Ela desenvolveu uma rara síndrome que se chama síndrome de Nicolau. Que é um problema de vasos sanguíneos. Isso que gerou a lesão dela. O caso ainda será julgado e não tem nenhuma decisão jurídica", afirmou o dentista, acrescentando que profissionais da área estão "sujeitos a intercorrências que não são da nossa vontade.