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PR: Em áudio, PM que matou a família fala sobre crimes e cita dívidas

Stella Borges

Do UOL, em São Paulo

15/07/2022 15h41

O policial militar Fabiano Junior Garcia, que matou oito pessoas, seis da própria família, enviou uma mensagem de áudio a familiares e amigos explicando os crimes, cometidos na noite de ontem nas cidades de Toledo e Céu Azul, no oeste do Paraná. Ele se suicidou na sequência.

O conteúdo da gravação, que circula nas redes sociais, foi confirmado ao UOL pela Polícia Militar. Nela, o soldado diz que não ia conseguir viver sem a esposa, Kassiele, e cita dificuldades financeiras. Além da mulher, ele matou os três filhos, a mãe, o irmão e duas pessoas que não conhecia, segundo a polícia.

Em entrevista coletiva na manhã de hoje, o comandante-geral da PM do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, disse que o soldado não aceitava o fim do casamento e tinha algumas dívidas.

"(...) Eu não ia conseguir viver sem a Kassiele. Ela já não estava mais suportando muito o jeito que eu lidava com ela, não estava mais suportando se eu ia dar atenção pra ela ou não. E ela deixou a entender que ela não fazia questão de continuar comigo", diz Garcia em um trecho do áudio.

Na gravação, o soldado afirma ainda que entrou "em um momento de depressão", estava jogando, e havia se distanciado da esposa. Segundo a PM, ele não tinha histórico que pudesse indicar problemas psicológicos.

Ele fala ainda que já não conseguia conviver com a situação da mãe, sem citar qual seria o problema, e que vivia "financeiramente fodido".

Garcia tinha 37 anos e estava desde 2010 na corporação. Ele estava lotado no 19º Batalhão de Polícia Militar de Toledo e atuava como motorista do oficial de serviço, um cargo de confiança.

Ele e Kassiele eram casados desde 2012 e tinham dois filhos, Kamili, 8, e Miguel, 4. O policial também era pai de Amanda, 12, fruto de um relacionamento anterior. Os três foram mortos pelo pai.

O soldado foi descrito por amigos como uma "pessoa tranquila", "excelente profissional e pai" e "de conduta ilibada". Segundo a PM, Garcia trabalhou normalmente antes de cometer os crimes.

Em nota, a Polícia Civil do Paraná informou que as delegacias das duas cidades onde ocorreram os crimes instauraram inquéritos policiais e realizam diligências para apurar a motivação dos fatos.

A Secretaria da Segurança Pública do Paraná disse lamentar o caso e informa que as Polícias Civil, Militar e Científica "não medirão esforços para apurar a motivação dos fatos."

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (www.cvv.org.br) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil