Topo

Esse conteúdo é antigo

Falsa vidente de grupo suspeito de golpe de R$ 725 milhões é presa no RJ

Diana Rosa Aparecida Stanesco se passou por vidente em esquema de extorsão de idosa envolvendo pinturas de valor milionário - Reprodução/Redes Sociais
Diana Rosa Aparecida Stanesco se passou por vidente em esquema de extorsão de idosa envolvendo pinturas de valor milionário Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

16/08/2022 18h52Atualizada em 17/08/2022 07h56

Diana Rosa Stanesco, 37, suspeita de atuar como uma "vidente" em um grupo responsável por aplicar um golpe de mais de R$ 720 milhões em um idosa da capital carioca, foi presa hoje em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, o pai dela, Slavko Vuletic, também foi detido.

Os dois eram considerados foragidos da Justiça e, desde a semana passada, nenhum representante legal se apresentou à polícia em defesa deles. A ocorrência está em andamento e ambos estão sendo conduzidos à delegacia. O UOL procurou a advogada responsável pela defesa de Diana em caso de detenção no início de 2022 em busca de sua defesa, mas não recebeu resposta ou confirmação se ela ainda atua como defensora da suspeita.

Na semana passada, a Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade prendeu quatro parentes de Diana na operação "Sol Poente", deflagrada para desarticular o grupo. Todos são suspeitos de lesar Genevieve Boghici, 82, moradora do bairro de Copacabana, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro.

Diana, que já havia sido presa por estelionato este ano, teria abordado Genevieve na saída de um banco, no ano de 2020, para expor uma previsão de que a filha da mulher estaria muito doente e morreria em breve. Na ocasião, ela teria oferecido serviços espirituais para evitar o destino supostamente previsto para a mulher, que sofria de um mal incurável.

De acordo com as investigações, Diana encaminhou a mulher ainda para outras duas supostas videntes que teriam confirmado a previsão original. Assim, o grupo conseguiu transferências de mais de R$ 5 milhões e subtraiu joias e quadros de pintores como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

Ainda segundo a Polícia Civil, o golpe foi possível, pois contou com a ajuda de Sabine Boghici, filha da idosa e herdeira da fortuna familiar. A mulher é filha de Jean Boghici, uma dos principais negociadores de obras de arte do país — que morreu em 2015, aos 87 anos, deixando um patrimônio artístico avaliado em mais de R$ 700 milhões para a companheira.

O artista plástico romeno, que colecionava obras desde os anos 1960, foi dono da galeria Relevo, na capital carioca, e reuniu um dos acervos mais importantes de arte brasileira. Entre as obras repassadas para os golpistas estava o quadro "Sol Poente", de Tarsila do Amaral, que deu nome à primeira operação realizada para prender os suspeitos da extorsão contra a viúva.

Também teriam participado do golpe Jacqueline Stanescos, Rosa Stanescos, Gabriel Nicolau, além da própria Sabine. Todos estão presos.

O advogado de Stanesco, Horário Cariello, nega a participação dela no crime, alega que ela não tratava com a família há pelo menos 15 anos e que houve um erro no reconhecimento de sua cliente pelo fato de ter sido usado apenas fotografias na delegacia para fazê-lo. Os demais detidos são representados pelo advogado Sérgio Riera, que, procurado pelo UOL, disse que não irá se pronunciar até o momento.

Além do golpe financeiro e material, a investigação considera ainda que a idosa tenha sido mantida em cárcere privado pela própria filha e que tenha sido ameaçada repetidas vezes com o uso de facas. A vítima demorou quase um ano para conseguir denunciar o caso à polícia, no início deste ano.