Homem com medida protetiva interrompe reportagem de ex para TV e é preso
Um homem foi flagrado descumprindo uma medida protetiva por violência doméstica durante a gravação de uma reportagem sobre o aumento das agressões contra mulheres durante os feriados. A ex-companheira do suspeito, que recorreu ao mecanismo há 6 meses, era entrevistada ontem em Curitiba, durante o feriado de 7 de setembro, quando o interfone de seu apartamento tocou.
Toda a cena foi gravada pela equipe de jornalistas da RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que chegou a ser abordada pelo ex-marido da vítima na saída do condomínio em que ela mora.
A mulher acabou acionando a Guarda Civil Metropolitana, que o prendeu e encaminhou para a Delegacia da Mulher, por não cumprir a distância mínima obrigatória estabelecida pela medida protetiva.
"Ele interfonou e disse que era ele. Eu imediatamente desliguei. Você fica apreensiva e já fica com medo, porque a pessoa está fora de si. Vir aqui no condomínio e interfonar já mostra que ele não está nem aí", afirmou a mulher, que teve a identidade preservada, após atender à ligação inesperada.
Além de contar com o documento judicial, a vítima carrega um "botão do pânico", entregue a pessoas que sofreram violência doméstica, que permite uma chamada de emergência para a Polícia Militar ou para a GCM com apenas um toque.
Segundo a RPC, a mulher e o ex-companheiro, identificado como Rafael de Pino, ficaram juntos por nove anos. No final de fevereiro, durante o feriado de Carnaval, os abusos psicológicos do suspeito teriam se tornado físicos, o que levou a denunciante a se separar do marido e pedir proteção.
"Ele puxou uma faca e dizia o tempo todo que ia me matar. Ele me empurrava, me puxava e me estrangulava, até eu desmaiar. Quando eu acordei ele me segurou no colo, dizendo que tudo ia dar certo, que tudo ia ficar bem, que a gente ia voltar", relatou ela sobre o abuso que viveu.
Inconformado com a separação, o ex-companheiro já tinha desrespeitado a medida protetiva antes do episódio registrado ontem, mudando sua rotina para seguir a mulher.
"Foi difícil ele sair de casa, mas, quando saiu, começou a me perseguir. Ele vinha na rua aqui perto de casa me espionar com um binóculo, ficava parado o dia todo, alugou um apartamento no condomínio e ficava sentado na minha porta. Se eu saísse ele ia atrás. Se eu conversasse com alguém, ele partia pra cima das pessoas", declarou a vítima, à RPC.
Após a detenção de Rafael, a defesa do homem disse à emissora paranaense que "está se inteirando sobre as circunstâncias da prisão e irá tomar as medidas legais cabíveis".
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
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