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Pescador que achou caça após 40 anos cresceu ouvindo histórias do avião

Josoé Ortiz, 39, encontrou destroços de avião que desapareceu antes mesmo dele nascer no Rio Grande do Sul - Josoé Ortiz/Arquivo Pessoal
Josoé Ortiz, 39, encontrou destroços de avião que desapareceu antes mesmo dele nascer no Rio Grande do Sul Imagem: Josoé Ortiz/Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

14/09/2022 04h00Atualizada em 14/09/2022 11h59

O pescador de 39 anos que desvendou o mistério de um caça F5E Tiger II da FAB (Força Aérea Brasileira) que tinha desaparecido em Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, cresceu ouvindo a história de um avião que caiu na região antes mesmo dele nascer.

Em entrevista ao UOL, Josoé Ortiz contou que antes de ficar enganchada nas partes do avião, a rede de pesca dele tinha se arrastado por uma área mais funda do que o normal durante três dias de ventos fortes.

Ele lembra que no momento em que puxou as partes para fora da lagoa, em 3 de agosto, imaginou que os pedaços de fuselagem seriam da aeronave.

"Meu pai contava que o avião tinha caído naquele local. Quando o primeiro pedaço veio, no momento em que estava colhendo a minha rede, eu achei muita coincidência. As peças estavam queimadas de fogo, as partes do painel eram todas iguais. Os pinos, os botões, as coisas do avião. Pesquisei várias vezes para olhar em vídeo e era tudo muito igual", recorda.

Josoé decidiu então marcar a área no GPS e acionar um amigo, que também procurava pelos restos da aeronave.

Buscas pelos destroços achados pelo pescador duraram três dias - Divulgação/FAB - Divulgação/FAB
Buscas pelos destroços achados pelo pescador duraram três dias
Imagem: Divulgação/FAB

Com especialistas acionados, ele publicou fotos e vídeos do que coletou na lagoa nas redes sociais. "Vai saber se não é do caça que desapareceu em 1982?", questionou, atiçando a curiosidade de muitos nos comentários.

"Alguns especialistas comentaram falando que não sabiam se era do avião desaparecido, mas que era de um caça, era", relembra. A confirmação de que o material encontrado era do avião que caiu na região quatro décadas antes foi oficializada pelo Comando Aéreo Sul no fim de semana, após três dias de buscas, quando os destroços do caça foram encontrados a uma profundidade aproximada de 7,5 metros.

"Meu pai já faleceu faz dois anos, mas ele ficaria muito feliz, por eu ter achado esse avião, essa era uma história que ele sempre contava. Também fico feliz de ter ajudado uma família a desvendar esse negócio", relembra o pescador.

A descoberta feita por ele após 40 anos dá uma resposta à família do tenente aviador Edson Luiz Chiapetta Macedo - único ocupante da aeronave na ocasião - e conclui um trabalho de busca iniciado com ajuda de outro parente de Josoé, um primo dele, que viu a aeronave cair no local.

"O sobrinho do meu pai viu o avião cair. Ele foi até com eles [do Exército] de helicóptero para procurar o avião, mas quando chegou lá não conseguiu identificar o local da queda, porque quando ele viu cair, ele estava dentro de um barco, caiu longe", lembra.

Desaparecimento do caça

Em julho de 1982, o caça pilotado pelo tenente-aviador Edson Luiz Chiapetta Macedo desapareceu enquanto realizava um combate simulado com outra aeronave, na área de treinamento da lagoa. Apesar das buscas, nunca havia sido encontrado qualquer vestígio do jato ou do piloto.

Anos depois, o tenente desaparecido foi promovido post-mortem ao posto de major, ou seja, uma promoção para expressar o reconhecimento ao militar morto no cumprimento do dever ou em consequência disto.