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Defesa diz que suspeitos da morte do ganhador da Mega-Sena foram enganados

Jonas Lucas Alves Dias, 55, foi até uma padaria na manhã de 13 de setembro, quando desapareceu  - TV Globo
Jonas Lucas Alves Dias, 55, foi até uma padaria na manhã de 13 de setembro, quando desapareceu Imagem: TV Globo

Laís Seguin

Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)

23/09/2022 18h27

O advogado Fábio Costa, que defende os dois suspeitos identificados e presos pela morte de Jonas Lucas Alves Dias, 55, ganhador da Mega-Sena em Hortolândia, no interior do estado de São Paulo, diz que seus clientes, Rogério de Almeida Spínola, 48, e a transexual que se identifica como Rebeca, 24, são inocentes e foram enganados por outro investigado.

Costa alega que ambos os presos são pessoas em situação de rua, que teriam sido "aliciadas" para entregarem seus documentos, utilizados para a abertura de contas bancárias para as transferências monetárias, durante o andamento do crime.

>> Terceiro suspeito da morte de ganhador da Mega-Sena é preso

Rogério de Almeida Spínola foi detido pelos policiais civis da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Piracicaba, responsável pelas investigações do caso, no último sábado (17), três dias após o crime.

A outra suspeita, Rebeca, foi capturada pela Guarda Civil Municipal de Santa Bárbara d'oeste, cidade vizinha, a 22km de Hortolândia, no domingo (18). Estava no nome dela a conta utilizada para recebimento de uma transferência bancária de R$ 18,6 mil, retirados da conta da vítima, por meio de um Pix.

"Rebeca e Rogério são pessoas em situação de rua. Eles emprestaram os documentos para Roberto apenas para abrir contas no banco. Em nenhum momento participaram ou tiveram algum tipo de envolvimento na morte. Eles nem conheciam a vítima", afirma o advogado. O Roberto a quem ele se refere é Roberto Jeferson da Silva, o Gordo, 38, preso no início da noite de hoje.

Silva dirigia o Ford Fiesta preto utilizado para abordar o milionário. A participação dele não foi detalhada pelos policiais civis. Ele não possui passagens pela polícia e o automóvel também não foi localizado até o fechamento desta reportagem.

No caso de Rebeca, o advogado enfatiza ainda que a polícia chegou até ela pela identificação da conta. "Ela não tinha conhecimento da realização do Pix e também não teve acesso ao dinheiro. Até agora, seus documentos e cartão não foram devolvidos", completa Costa.

Para ele, outro ponto que precisa ser esclarecido foi o elo de Rogério com o caso. "Assim como Rebeca, ele apenas cedeu seus documentos. Os dois carros usados no crime não estavam em seu nome", alega.

Sobre Rogério de Almeida Spínola, o advogado não se pronunciou sobre os argumentos que pretende utilizar na defesa dele, além do fato de, segundo ele, ser uma pessoa em situação de rua.

Dois suspeitos têm passagem pela polícia

O UOL entrou em contato com a delegada da Deic de Piracicaba, Juliana Ricci, acerca do assunto. Segundo a Polícia Civil, Rogério já respondeu a processos por homicídio, roubo, furto, estelionato e lesão corporal. Ele cumpriu ao menos 15 anos de prisão e estava solto desde dezembro de 2021. Rebeca não tinha antecedentes criminais. Ambos permanecem detidos à disposição da Justiça.

Ricci não detalhou a participação de Rogério no esquema, mas informou que ele era parceiro de outra pessoa investigada.

A delegada também forneceu ao UOL, imagens de um circuito de câmeras de monitoramento captadas na região central de Santa Bárbara D'oeste, no último dia 14, por volta das 14 horas. As imagens mostram Roberto Jeferson da Silva, o Gordo, junto de Rebeca, no dia seguinte após o sequestro e da morte da vítima.

Jonas Lucas Alves Dias, de 55 anos, morreu após ser encontrado ferido, em 14 de setembro, na alça de acesso da Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101) para a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), em Hortolândia. Ele ganhou R$ 47,1 milhões na Mega-Sena em 2020.

A delegada aguarda as próximas diligências para fornecer novas informações sobre o andamento das investigações do caso.

O outro investigado, que teve o mandado de prisão temporária decretado, é Marcos Vinycius Sales de Oliveira, o Viny, 22, ele também continua foragido.

Viny dirigia o outro veículo utilizado no crime, uma caminhonete modelo S-10, da Chevrolet. A vítima foi abordada quando saía, a pé, de uma padaria, e obrigada a entrar na caminhonete.

A delegada afirma que foi Marcos Vinicyus o responsável pelos dois saques de R$ 1 mil e pela transferência no valor de R$ 18,6 mil da conta de Jonas Lucas. O suspeito foi flagrado por câmeras de segurança em uma agência da Caixa Econômica de Campinas, onde realizou as transações.

Segundo Juliana, Marcos Vinicyus também habilitou um aplicativo de celular para conseguir realizar as movimentações financeiras. O suspeito tem passagens por estelionato, receptação e deixou o sistema penitenciário em setembro de 2021.