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Professora que atuava como motorista de app é achada morta em estrada de SP

Hortência, 38, trabalhava como professora e motorista de aplicativo - Reprodução/ Facebook
Hortência, 38, trabalhava como professora e motorista de aplicativo Imagem: Reprodução/ Facebook

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

17/10/2022 11h16Atualizada em 17/10/2022 15h23

Uma professora de libras e matemática, que também atuava como motorista de aplicativo, foi encontrada morta com sinais de agressão após desaparecer enquanto fazia uma corrida. O corpo de Hortência Lourenço Dias, 38, foi achado uma estrada rural de Olímpia (SP), na quinta-feira (13). Três suspeitos de envolvimento no crime foram presos entre sexta e domingo.

Hortência era mãe de dois filhos, uma menina de 8 anos e um adolescente de 17, e trabalhava principalmente como professora de matemática e libras. Para complementar a renda familiar, ela fazia corridas como motorista por aplicativo.

O corpo foi encontrado por um morador que passava pela estrada de terra do bairro Campo Alegre. Ele chamou o Corpo de Bombeiros que verificou que ela já estava morta, com diversos ferimentos na cabeça e no pescoço.

À polícia, o pai da motorista de aplicativo informou que ela havia saído para uma corrida por volta das 22h do dia anterior e não retornou para casa. Ele foi à delegacia da cidade registrar o desaparecimento da mulher e acabou informado pelos policiais que o corpo de uma mulher tinha sido encontrado. Por meio de uma foto, ele fez o reconhecimento da filha.

O carro da vítima, o celular e os documentos pessoais foram roubados, e o caso foi registrado como latrocínio — roubo seguido de morte.

Prisões

Dois suspeitos adultos foram presos e um adolescente foi apreendido durante as investigações do caso.

Segundo a Polícia Civil, a primeira prisão aconteceu no dia seguinte ao crime. Maicon Douglas Henrique, de 27 anos, foi preso em Pirangi, também no interior paulista, na casa de um amigo. Na cidade, a polícia também encontrou o carro de Hortência. O veículo foi abandonado em uma rua após ficar sem combustível.

A Polícia Civil afirmou que Maicon confessou participação no crime em depoimento e relatou que estava com dois amigos. Segundo ele, o assassinato de Hortência aconteceu depois que o trio consumiu cocaína e decidiu roubar o carro da motorista de aplicativo para vendê-lo e, assim, comprar mais drogas.

Ainda segundo Maicon, ele teria ficado no carro quando os dois comparsas agrediram Hortência até a morte.

"Acreditamos que tenha sido um crime premeditado, já que o Maicon pediu que a Hortência fizesse a corrida por fora do aplicativo, justamente para não deixar rastros", diz o delegado Rodrigo Souza Ferreira.

Maicon foi levado para a cadeia de Barretos, onde ficará à disposição da Justiça.

Após a prisão de Maicon, a polícia prendeu no sábado (15), em Olímpia (SP), Rogério Batista Manoel da Silva, de 23 anos, e apreendeu um adolescente, de 16 anos, suspeitos de participação na morte de Hortência.

O adolescente foi encaminhado para a Fundação Casa de Araraquara. Já Rogério foi levado para a Cadeia Pública de Colina.

Os três suspeitos tiveram a prisão temporária de 30 dias expedida pela Justiça. Segundo a Polícia Civil, eles não tiveram defesa constituída.

Vítima conhecia um dos suspeitos

vitima - Repordução/ Facebook - Repordução/ Facebook
Hortência foi morta enquanto trabalhava como motorista de aplicativo, em Olímpia (SP)
Imagem: Repordução/ Facebook

Dias antes do crime, Hortência participou de um churrasco na casa de Maicon com outros motoristas de aplicativos.

Em depoimento, uma testemunha que também trabalha como motorista de aplicativo na cidade relatou que foi procurada por Maicon no dia do crime.

Segundo a mulher, na noite do dia 12 Maicon mandou mensagem em seu WhatsApp perguntando se ela estava trabalhando, mas a motorista explicou que já havia encerrado o expediente naquele dia.

Com a negativa, o rapaz teria insistido para que ela fizesse uma corrida para ele e alguns amigos dizendo que pagaria bem pelo serviço, mas mais uma vez a motorista teria negado.

Nesse momento, Maicon teria dito que conseguiu outra motorista para prestar o serviço e parou de falar com a mulher. Foi quando ele teria contratado Hortência para a corrida, negociada fora do aplicativo, de maneira particular.

Amigos alertavam motorista sobre o perigo

Segundo um amigo de Hortência ouvido pelo UOL, a mulher fazia corridas noturnas para conciliar com as aulas que dava no período da manhã e tarde.

"A gente falava para ela que à noite era perigoso, por ela ser mulher, era mais vulnerável. Mas ela dizia ser melhor, que as corridas eram mais tranquilas e a remuneração também era maior. Além disso, ela não pegava qualquer passageiro, ela evitava pegar homens e acredito que aceitou a corrida do Maicon por conhecê-lo", conta o amigo, que pediu para não ter o nome publicado.

Hortência morava com a mãe, que ficava responsável pelos seus filhos enquanto a mulher trabalhava.