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'Botox não vem ao caso': Juíza e advogada batem boca em júri de Flordelis

7.nov.2022 - A ex-deputada federal Flordelis é julgada por júri popular em Niterói (RJ) - Brunno Dantas/Reprodução TJ-RJ
7.nov.2022 - A ex-deputada federal Flordelis é julgada por júri popular em Niterói (RJ) Imagem: Brunno Dantas/Reprodução TJ-RJ

Do UOL, em Niterói

08/11/2022 12h59

A juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, e a advogada Janira Rocha, do corpo de defesa de Flordelis, protagonizaram uma discussão nesta terça-feira (8), segundo dia de julgamento sobre a morte do pastor Anderson do Carmo, marido da ex-deputada federal.

Tudo começou quando Janira pediu autorização para exibir mensagens de WhatsApp antes de elaborar perguntas ao inspetor da Polícia Civil Tiago Vaz de Souza —testemunha convocada pela acusação. Na troca de mensagens, Flordelis falava com uma interlocutora —também condenada no caso— sobre preenchimento labial e tratamentos estéticos. A juíza interrompeu a exposição e questionou a pertinência das mensagens e se seriam feitas perguntas a partir delas.

Janira contra-argumentou e afirmou que a acusação exibiu outras mensagens, mas a magistrada ressaltou que todas eram contextualizadas com perguntas ao depoente.

A juíza lembrou que as partes terão tempo específico para exibir materiais, durante debates, e que isso não deveria ser feito durante um depoimento e questionou, novamente, a pertinência das perguntas.

Janira respondeu: "A senhora é a magistrada, eu sou advogada de defesa e eu que patrocino a defesa das pessoas", sendo interrompida pela juíza. A advogada questionou: "Quantos minutos a senhora vai me dar para responder à pergunta?".

Neste momento, Arce afirmou que Janira estava com "comentários desnecessários" sobre as funções das duas, enquanto a advogada disse que a magistrada "quer me dizer como devo trabalhar".

Diante da discussão, Janira desistiu de fazer a pergunta, imputando à magistrada uma tentativa de impedi-la de perguntar.

A juíza então afirmou: "Eu não vou deixar que a senhora tente converter o que estou dizendo. Eu não estou dizendo que não pode produzir provas, eu estou dizendo que esse não é o momento adequado para exibir provas que não serão apresentadas à testemunha. No momento do debate, a senhora pode exibir o que quiser".

A magistrada ainda disse que "mensagens sobre botox e preenchimento não vêm ao caso", enquanto a advogada argumentou que, "para a defesa, é importante tudo", já que no contexto das mensagens estarão as perguntas. No entanto, Janira se mostrou resignada e desistiu de perguntar: "A senhora indeferiu, está indeferido".

Por fim, a juíza disse: "Não impute isso a mim. Estou como magistrada para zelar pela regularidade da sessão, e tudo que coloco para a senhora é de forma a manter essa regularidade. Não diga que estou proibindo a senhora de questionar a testemunha, porque não estou. [...] Perguntas pertinentes serão todas deferidas com o maior prazer".

Na conversa sobre os procedimentos estéticos, Flordelis falava com Andrea Santos Maia, esposa do ex-PM Marcos Siqueira Costa. Em abril, ela foi condenada a quatro anos, três meses e dez dias de prisão por associação criminosa e uso de documento falso —tratava-se de uma carta forjada para que Lucas Cézar dos Santos, filho adotivo de Flordelis, assumisse toda a culpa pela morte de Anderson.

O ex-PM foi condenado a cinco anos e 20 dias de prisão por associação criminosa e uso do documento falso.

Lucas —acusado de ter comprado a arma usada no crime— foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por homicídio. Acusado de efetuar os disparos que mataram o pastor, Flávio dos Santos Rodrigues —filho de Flordelis— foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão pelo homicídio, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa.