'Não sei se estou triste ou feliz por estar viva', diz professora no ES
Amigos e parentes participam hoje à tarde do sepultamento das professoras Cybelle Bezerra Lara e Flávia Merçon Leonardo, no Cemitério Jardim da Paz, na Serra (ES), região metropolitana da capital Vitória.
As duas trabalhavam na Escola Estadual de Ensino Fundamental Primo Bitti, em Aracruz (ES), a primeira a ser atacada por um jovem de 16 anos. A tragédia matou quatro pessoas e feriu 12, sendo que sete continuam internadas.
O corpo de Cybelle foi cremado após um velório restrito. No início do cortejo para o enterro de Flávia, as pessoas cantaram a música "Mel", que ficou conhecida na voz da cantora Maria Betânia. A imprensa acompanhou à distância.
A professora Leilany Santos Moreira falou sobre a relação com as duas colegas de trabalho em entrevista ao UOL Notícias.
"Trocar ideias com a Flávia era muito fácil, porque a gente tinha uma linha de pensamento muito parecida sobre justiça, igualdade e educação não racista. A Cybelle passou no concurso comigo e a gente também conversava sobre o cuidado com os nossos pais, que são idosos", lembrou.
O atentado deixou dor, medo e revolta em Leilany. Mas também alívio por não estar entre as vítimas.
Não consigo dizer se estou triste pelas minhas amigas que morreram ou feliz por estar viva. A gente quer que se investigue o que está por trás desse garoto. Isso não vai trazer a vida das nossas amigas de volta ou a naturalidade do retorno às aulas. Mas a gente precisa que se faça justiça
Leilany Santos Moreira, professora
"As nossas amigas morreram por causa do ódio. O Brasil está alimentando a política do ódio, do armamento e da facilidade ao acesso às armas. Aí, a gente vê um adolescente cometendo esse crime", completou.
Vestido com uma camisa onde se lia "mais livros, menos armas", o professor Luiz Fernando Barbosa Santos, 62, que esteve no enterro de Flávia, também abordou o tema.
"Ele [o atirador] se armou, colocou símbolo de suástica no braço e se achou no direito de matar as pessoas. É pelo conhecimento que a gente vai evoluir, não pelo uso de armas."
Mais cedo, o governador Renato Casagrande (PSB), que esteve no cemitério, também relacionou a tragédia a uma necessidade de discussão sobre a flexibilização das armas, intensificada na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Há uma cultura do ódio e de intolerância no debate político em meio a um governo que flexibilizou o uso de armas. Uma tragédia como essa tem que servir para agilizar esse debate e mudar essa cultura armamentista", falou o governador.
Parente de Flávia, a aposentada Maria Auxiliadora Coelho, 68, diz ver acolhimento em meio à dor. "É muito doloroso lidar com essa tragédia. Mas o que conforta é essa sensação de união de pessoas que vão dar continuidade ao trabalho dela."
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