Pai de atirador do ES comprou livro de Hitler para o filho, diz polícia
O atirador de 16 anos que atacou duas escolas em Aracruz (ES) ganhou o livro escrito por Adolf Hitler de presente do próprio pai, segundo a polícia. Ele é filho de um tenente da PM, que chegou a compartilhar a imagem da capa da publicação em sua rede social. Proibida em algumas cidades do país, a obra "Minha Luta" foi escrita pelo ditador nazista em 1923 para disseminar ideias antissemitas.
Nos ataques, ocorridos na última sexta-feira (25), o autor do crime matou quatro pessoas e feriu 12. Os pais do adolescente foram intimados para prestar depoimento hoje pela Polícia Civil de Aracruz.
Atirador disse ter lido trechos de livro de Hitler. O atirador, que apareceu nas imagens registradas da ação com uma suástica no braço direito de um uniforme camuflado, confirmou em depoimento ter lido trechos do livro de Hitler.
A informação foi confirmada ao UOL Notícias pelo delegado André Jaretta no fim da manhã de hoje, após entrevista coletiva concedida em Vitória (ES). Ele disse inclusive que a obra foi apreendida pelos agentes.
"Esse adolescente leu parte desse livro", disse o delegado, responsável pela investigação do caso.
Fontes ligadas à PM de Aracruz informaram que o tenente admitiu ter adquirido a obra do ditador nazista a pedido do filho.
Em conversa informal com colegas de farda, o pai do atirador teria dito que era uma forma de se aproximar do filho, que não tinha amigos e falava pouco com os próprios pais dentro de casa.
O pai foi afastado das suas atividades operacionais na Polícia Militar enquanto o caso está sendo investigado. A corregedoria da instituição abriu procedimento hoje para apurar se ele cometeu algum crime.
Procurada, a defesa do pai do adolescente ainda não se posicionou.
Participação de terceiros. Em uma análise preliminar do celular e do computador apreendidos para verificar se houve participação de terceiros, os investigadores não encontraram contatos entre o adolescente e outras pessoas.
"Os únicos contatos salvos na agenda do celular eram 'pai' e 'mãe'", disse o delegado André Jaretta.
Acesso às armas. Questionado sobre o acesso do atirador às armas do pai, o delegado disse ainda é prematuro para que a polícia se posicione sobre o caso.
"Estamos atentos à conduta do pai e seremos rigorosos nessa análise. Mas eu não posso antecipar isso, pois é objeto de investigação."
Vítimas mulheres e professoras. O delegado também descartou um ataque direcionado a mulheres, já que as pessoas mortas são todas do sexo feminino. Em depoimento, o adolescente disse que passou a arquitetar o ataque há dois anos após ser vítima de bullying na escola.
Filho de uma ex-professora da escola Primo Bitti, primeiro alvo do ataque, ele também era ex-aluno da instituição de ensino, e estava afastado de sala de aula desde junho deste ano, informou a polícia.
"À princípio, foi um mero acaso que vítimas eram do sexo feminino. Os disparos foram realizados de maneira indiscriminada", disse o delegado.
Segundo Jaretta, o jovem escolheu as duas escolas como alvos porque elas eram mais próximas de sua casa.
"Na versão apresentada por ele, escolheu aleatoriamente. Como ele acessou a primeira escola pelos fundos, e a primeira sala era a dos professores, foi a sala que ele teve o acesso mais fácil. Todavia, vamos aprofundar ainda mais quanto a isso (...) Não tinha um alvo específico, simplesmente queria praticar o atentado. Atirou aleatoriamente nas pessoas que estavam ali naquele momento", disse o policial.
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