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ES: Atirador não tinha alvo específico e atirou aleatoriamente, diz polícia

DO UOL, em Vitória e em São Paulo

28/11/2022 11h02Atualizada em 28/11/2022 12h23

A Polícia Civil do Espírito Santo informou hoje que o jovem apontado como o autor dos ataques contra duas escolas em Aracruz, na última sexta-feira (25), não tinha alvos específicos e atirou aleatoriamente. Quatro pessoas morreram e 12 ficaram feridas.

Em entrevista coletiva na capital Vitória, o delegado André Jaretta, titular da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Aracruz e responsável pela investigação, disse que o adolescente de 16 anos escolheu as duas escolas como alvos porque elas eram mais próximas de sua casa.

"Na versão apresentada por ele, escolheu aleatoriamente. Como ele acessou a primeira escola pelos fundos, e a primeira sala era a dos professores, foi a sala que ele teve o acesso mais fácil. Todavia, vamos aprofundar ainda mais quanto a isso (...) Não tinha um alvo específico, simplesmente queria praticar o atentado. Atirou aleatoriamente nas pessoas que estavam ali naquele momento", disse o policial.

O adolescente se aproveitou da ausência dos pais, que haviam saído para fazer compras, para cometer o atentado. Conforme o policial, ele conhecia as duas instituições — em uma já havia estudado e na outra votava nas eleições.

Crime foi planejado por dois anos. Conforme as autoridades, o jovem alega que teria sido vítima de bullying na escola por parte de alguns colegas e planejava o ato há cerca de dois anos.

"A partir de 2020 ele começa a ele se preparar, a se planejar melhor como executaria essas ações, começa a tornar isso mais próximo do plano real. Aparentemente ele não falava isso com terceiros, guardou para si e foi alimentando esse sentimento de ódio", explicou Jaretta.

Aos policiais, o adolescente disse que sempre que estava sozinho em casa manuseava as armas, sem o conhecimento dos pais. As armas pertenciam ao pai, que é policial militar.

Os pais contaram à polícia que ele fazia acompanhamento psicológico e psiquiátrico porque era introspectivo, conversava pouco e não tinha uma relação de proximidade com a família ou amigos.

Pai afastado. Conforme a polícia, o pai do suspeito, tenente da PM (Polícia Militar), foi afastado das atividades operacionais e será ouvido hoje, assim como a mãe, uma professora aposentada, que deu aulas na primeira escola atacada.

A PM informou que vai abrir processo disciplinar para investigar as circunstâncias na qual o adolescente teve acesso às duas armas do pai — uma da corporação e uma de registro pessoal.

Ambas estavam num armário no quarto do casal, num lugar de fácil acesso. As autoridades ainda investigarão se ele aprendeu a atirar em algum lugar. Além das armas, ele usou o carro do pai na ação.

Guardou armas e foi para casa de praia. Segundo as autoridades responsáveis pela investigação do caso, depois de cometer os ataques, o adolescente foi para casa, guardou as armas, almoçou e seguiu para a casa de praia com os pais, algo que era parte da rotina da família. Ele foi apreendido no início da tarde no local.

[Após cometer o atentado] Ele retorna para casa onde domiciliava em Coqueiral, pega todos os objetos que utilizou na ação e os coloca em seus devidos lugares para que os pais não desconfiassem que ele tinha usado quando retornassem. Coloca as armas onde estavam e o veículo da forma como ficava. E fica no interior da casa como se nada tivesse acontecido. Os pais chegam e ele reage naturalmente. Os pais já sabiam o que tinha acontecido e chegam a comentar com ele, mas ele se faz de desentendido.
Delegado André Jaretta, responsável pela investigação

Inicialmente, o jovem negou o crime, mas confessou quando foi confrontado com as informações que já haviam sido colhidas pela polícia. De volta à casa em que a família residia, ele apontou aos policiais onde havia deixado as armas e a roupa usada durante o crime.

Simpatia a ideias nazistas. O delegado informou que, apesar de o adolescente não ter se alongado sobre o assunto, uma análise preliminar já mostrou que ele era um "simpatizante de ideias nazistas". Até o momento, no entanto, não há confirmação de que ele faria parte de qualquer grupo, mas isso ainda será investigado.

Nos ataques, ele usava uma suástica, símbolo nazista, e uma roupa camuflada.