Padre é achado morto dentro de casa em Aracaju; colegas apontam violência
Um padre foi encontrado morto com sinais de asfixia dentro de casa, em Aracaju, na tarde de ontem. Uilson de Sá da Silva, 47, era conhecido na cidade por defender a manutenção da reserva de mangabeiras no bairro Santa Maria, onde vivia. Segundo ambientalistas que trabalhavam com o religioso, a árvore frutífera é a principal fonte de renda de centenas de moradores da região.
Com seu envolvimento com a causa, Uilson acabou se tornando presidente da Associação de Catadores e Catadoras de Mangaba. Nas redes sociais, colegas do padre afirmam que seu corpo apresentava sinais de violência e estava com as mãos amarradas. A informação não foi confirmada em nota da Polícia Civil, que afirma apenas que exames foram solicitados para determinar a causa da morte.
"Foram coletados elementos no local, e o corpo foi encaminhado ao IML, onde foi necropsiado. O inquérito foi instaurado e iremos dar continuidade às oitivas de testemunhas, familiares e (outras) pessoas que possam contribuir para elucidação dos fatos, e há diligências sendo realizadas ao longo do dia", detalhou o delegado Tarcísio Tenório, responsável pela investigação, em nota divulgada no site da Polícia Civil.
Até o momento, nenhuma linha de investigação foi descartada, apesar de o corpo da vítima apresentar "elementos um tanto incomuns", segundo o perito George Queiroz, que emitiu o primeiro laudo sobre o caso.
"Mas são elementos que não suficientes para afirmar suicídio ou homicídio. Então tivemos que lançar mãos de exames complementares, que foram solicitados para posterior divulgação dos resultados", concluiu o profissional.
O corpo de Uilson ainda deve passar por exame toxicológico. Segundo o IML (Instituto Médico Legal), não foram encontradas fraturas nos ossos do líder comunitário.
Em nota enviada ao UOL, o MPF (Ministério Público Federal) informou que abriu um procedimento para acompanhar as investigações e que a procuradora da República de plantão, Lívia Tinôco, esteve no local após a descoberta do corpo. Agora, a apuração será encaminhada para um procurador da área criminal.
Ainda segundo o órgão, desde 2019, Uilson estava inserido no Programa Nacional de Proteção a Defensores de Direitos Humanos a pedido do MPF. O motivo para a solicitação foram ameaças sofridas pelo líder comunitário em decorrência da sua mobilização em defesa do território dos catadores de Mangaba.
Ativistas pedem justiça
Eliane Aquino, integrante da equipe de transição do presidente eleito Lula no setor de Direitos Humanos, definiu o líder comunitário como um "defensor da natureza" e pediu rapidez nas investigações sobre o caso.
"Foi com o mais profundo pesar que recebi a notícia do falecimento do meu querido amigo Uilson de Sá da Silva. Um homem de Deus, defensor da natureza e principalmente da nossa amada Reserva das Mangabeiras. (...) Com toda certeza, no Santuário das Mangabeiras, seus ensinamentos ecoarão por muitos e muitos anos. Sua luta não será em vão. Espero que a polícia possa elucidar o caso o mais rápido possível!", escreveu a política, ex-vice-prefeita de Aracaju.
Linda Brasil (PSOL), deputada estadual eleita no Sergipe, também prestou sua homenagem ao padre, destacando que ele foi "um incansável lutador de causas sociais".
"Luto! Recebi com pesar e muita tristeza a notícia de que Uilson de Sá da Silva, presidente da Associação de Catadoras e Catadores de Mangaba, Padre Luiz Lemper, foi encontrado morto e amarrado em sua residência. Uilson foi um incansável lutador pelas causas sociais, em defesa do meio ambiente, da última reserva de mangaba de Aracaju, dos direitos humanos, por moradia e tantos outros direitos das comunidades tradicionais. Meus sentimentos à família, amigas e amigos de luta. Justiça por Uilson!", pediu.
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