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Estação Nasa: Homem usa vagão de trem para oferecer massagens a R$ 10 no RJ

O massoterapeuta Sergio Sapê, 44, que trabalha como camelô há oito anos - Reprodução/Redes sociais
O massoterapeuta Sergio Sapê, 44, que trabalha como camelô há oito anos Imagem: Reprodução/Redes sociais

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

11/01/2023 04h00

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um massoterapeuta com a maca aberta fazendo massagem nos pés de um homem dentro de um vagão de trem, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu no ramal Japeri, que liga a zona norte do Rio à Baixada Fluminense.

Com mais de 145 mil visualizações, o massoterapeuta Sergio Sapê, 44, que trabalha como camelô há oito anos, conta que há um ano começou a divulgar seu trabalho dentro do vagão. O objetivo através da demonstração é fazer com que ele consiga clientes particulares ou que as pessoas busquem pelo atendimento no espaço que atende em Nova Iguaçu, dentro de uma igreja evangélica.

"Eu vou pelo menos duas vezes por semana, no horário que está mais vazio. Costumo cobrar R$10 por 10 minutos. Tem algumas pessoas que eu consigo atender no trem, porque tem coragem. Eu pego a maca e deixo amarrada em um canto para passar mais segurança. Já fiz algumas dezenas de massagens nesse período", conta Sergio Sapê ao UOL.

No vídeo, com a maca montada dentro do vagão, Sergio convida um colega que também é massoterapeuta para fazer a massagem. Durante o procedimento, ele brinca com as pessoas em volta. Fora do trem, Sergio oferece pacotes de massagem que variam de R$80 a R$120.

Para quem desconfiar, Sérgio mostra os seus certificados, que constam 80 horas de massagem terapêutica e 60 horas de massagem relaxante - Ambos, com registro na ABRATH - Associação Brasileira dos Terapeutas Holísticos.

Antes de virar massoterapeuta há pouco mais de um ano, Sergio vendia escovas de dente nos vagões e atuava como lutador de artes marciais.

Ele conta que existe tabu pelo fato de ser homem e estar fazendo massagem, mas, segundo ele, "é tudo muito profissional". E, conforme explica como funciona o procedimento, os passageiros ficam mais à vontade.

"O resultado é na hora, a pessoa melhora muito a massagem. A massoterapia atua nos nódulos, incluindo também o shiatsu e não precisa da pessoa estar sem roupa. Já na massagem relaxante, o ideal é a pessoa estar de biquíni ou de sunga, mas se não for possível, nos pés a gente alcança todo o corpo da pessoa, porque possui 72 mil terminações nervosas, então eu foco nos pés, mas já fiz no corpo todo, braços, pernas e cabeça", diz o massoterapeuta.

Ele conta que o serviço no trem é uma degustação do seu trabalho, mas o ideal é uma sessão de uma hora. "Eu explico como funciona, digo que existe a possibilidade da automassagem, mas tem gente que realmente precisa de tratamento. Pergunto se a pessoa já teve trombose, varizes, porque nesses casos tem algumas contraindicações. Em casos assim tem que ser mais a questão terapêutica do que a massagem em si".

Os trens da Supervia, concessionária responsável pelo transporte no Rio, sempre foi conhecido pela comercialização de produtos com vendedores ambulantes, mas o serviço de massagem impressionou os internautas:

"Sensacional: Você viaja deitado e ainda vai recebendo uma massagem contra o stress!", disse uma pessoa. "Por isso que a passagem aumentou? Hahaha", brincou um rapaz.

Já outro, ficou surpreso com o serviço oferecido: "simplesmente um MASSAGISTA trabalhando no trem!!!! o Rio de Janeiro é MUITO o meu país", disse.

Fiscalização

Procurada pela reportagem, a SuperVia disse que o comércio não é permitido pela concessionária. Mesmo assim, segundo a empresa, não há punição para quem comercializa nas estações.

"A SperVia realiza, constantemente, campanhas de conscientização sobre a importância de que sejam cultivados bons hábitos dentro de todo o sistema ferroviário, a fim de garantir que as pessoas viagem com segurança e conforto. É extremamente importante que passageiros respeitem as normas de segurança com o objetivo de evitar acidentes. Importante destacar também que, de acordo com o artigo 40 do Regulamento de Transporte Ferroviário, é "proibida a negociação ou comercialização de produtos e serviços no interior dos trens, nas estações e instalações, exceto aqueles devidamente autorizados pela Administração Ferroviária", diz a nota enviada à reportagem.