Aos 74, 'Bisa do Uber' diz não largar rua nem por bisneta: '20 mil viagens'
Prestes a completar 75 anos, a autônoma Maria Albina Oliveira, que se tornou conhecida na cidade de Santos, litoral de São Paulo, como a "vovó do Uber", tem muito o que comemorar. Além do aniversário de quatro anos atuando como motorista da empresa, ela acaba de ultrapassar a marca de 20 mil viagens realizadas pelo aplicativo e diz que não parou de trabalhar nem com a chegada de Ísis, sua primeira bisneta.
Bina - apelido carinhoso com que a chamam desde criança - agora é bisavó. Quando concedeu entrevista ao Tilt em novembro de 2021, a esposa de seu neto Gabriel, Adriana, estava grávida e, em março de 2022, nasceu Ísis, a primeira bisneta da motorista. O casal ainda mora com Bina, na residência da família, no bairro do Embaré.
"Eu era a vovó do Uber, agora sou a bisa", brincou Bina, em entrevista concedida hoje ao UOL. "Por causa daquela matéria que saiu com a minha história, recebi mensagens até de parentes que tenho em Portugal. Fiquei conhecida internacionalmente".
Todos os dias, com exceção das segundas-feiras, Bina atua em dois turnos como motorista de aplicativo. Geralmente, das 7h às 11h e das 15h às 19h. Assim, ela acaba de completar 20.068 viagens realizadas pela Uber, 3 mil delas com avaliação de cinco estrelas. Nem a pandemia a parou, somente nos períodos mais críticos. Mas, logo Bina retornou ao batente, usando máscara e tomando precauções.
Bina diz que ama dirigir e gosta de deixar claro que não o faz por dinheiro. Sua renda maior vem de uma aposentadoria privada e de aluguéis de pequenos imóveis que possui. Ela só não gosta de dirigir à noite, por achar mais perigoso. "Só se for para dirigir na estrada, aí eu gosto".
Nos quatro anos em que vem atuando como motorista da Uber, já fez corridas para gente famosa, como jogadores do Santos Futebol Clube e até políticos de Brasília. "Até a ex-prefeita de Santos, Telma de Souza, já entrou no meu carro. Muito simpática, levei ela até o cabeleireiro".
A idade, para ela, nunca foi problema. Ela nunca se sentiu cansada pelo ritmo de trabalho e diz que ainda se sente jovem para continuar dirigindo. "Isso depende da cabeça da pessoa, a idade está na mente, não no corpo", acredita. "Por isso, trabalhar não me cansa nem um pouco, para mim é pura diversão".
Apesar do bom humor com que sempre atende os clientes, em quatro situações ela conta que perdeu a paciência. Em três delas, em que os passageiros foram extremamente indelicados com ela, pediu para que descessem do carro.
"A última vez em que enfrentei uma situação assim foi há dois anos. Parei para atender um casal com uma criança. O homem estava muito nervoso, porque havia pedido um Uber que parou do outro lado da rua e ele não quis atravessar. Ele cancelou a corrida e eu acabei pegando. Ele ficou gritando dentro do carro, xingando a Uber, ofendendo os motoristas. Só não parei para ele descer por causa da criança", lembra a motorista.
"Depois a esposa dele veio me pedir desculpas, dizendo que o marido estava muito nervoso. Mas foi isso. Nunca mais peguei passageiros assim, sempre trato todos muito bem mesmo", diz Bina, orgulhosa por ter recebido da Uber o selo de motorista "diamante".
Bisneta não mudou rotina
Em março, mês em que celebrará 75 anos, sua primeira bisneta, Ísis, completará um ano de vida. "Somos ambas piscianas. Um peixe vai para um lado, o outro retorna para o outro, mas sempre estão em movimento", comentou, dizendo ter esperança que a menina tenha herdado seu espírito aventureiro.
Bina diz que nem a chegada de Ísis a fez largar o "vício" no trabalho. Ela afirma que sua rotina não mudou, que só fica em casa cuidando da bisneta quando realmente necessário. Desde que a menina nasceu, ela procurou ajeitar as coisas em casa e deixar tudo combinado com a mãe, Adriana, para que ela mesma não precisasse ficar em casa.
"Na vida, a gente tem que fazer o que ama. Sem se preocupar com bens materiais, isso acaba, é ilusão. Quero morrer fazendo o que eu gosto: passear, me aventurar. Sem isso, a vida seria um tédio. Não teria a menor graça".
Paixão pelas motocicletas
A paixão por dirigir automóveis só não é maior, conta Bina, que seu amor pelas motocicletas. Quando mais jovem, ela conta que namorou um rapaz que, como ela, também era amante de motos. Com ele, chegou a ir até o Paraguai, acompanhada de outros dois casais de motoqueiros, amigos deles. Bina e o namorado revezavam na pilotagem. A viagem de ida e volta durou mais de uma semana.
"Eu adorava pilotar. Eu tinha uma moto e ia com ela para o litoral Norte, para Atibaia, no interior paulista. Eu fazia de Santos a São Sebastião em uma hora e meia. Corria mesmo, uma sensação de liberdade incrível", relembra.
Sua "versão motoqueira", porém, acabou sendo contida pelos filhos quando, aos 65 anos, ela foi derrubada de sua CB-400 por um veículo num cruzamento, caiu e fraturou a clavícula. "Tive que vender a moto, meus filhos já eram adultos e não queriam que eu me arriscasse mais no trânsito".
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