Filho de comerciante diz que jovem bebeu soda cáustica por conta própria
O filho do dono do comércio onde um adolescente de 16 anos ingeriu soda cáustica e depois acabou morrendo, em Guarujá (SP), contradisse a família do jovem e afirmou, assim como pai em depoimento à polícia, que ele bebeu o líquido por conta própria. "Ele foi alertado", disse Adriano de Souza.
Familiares do adolescente dizem que o produto químico foi entregue ao jovem em uma garrafinha sem rótulo após ele pedir um copo de água ao dono do comércio.
"Para surpresa de todos ali no local, esse jovem pegou o frasco e, sem motivo aparente, abriu, colocando embaixo do braço e derramando parte do líquido no chão. Mesmo depois de alertado aos gritos pelo funcionário: 'cara, isso é soda', ele levou à boca. Parecia que não conseguia engolir direito e depois e já começou a vomitar. Um outro cliente que ali estava pegou o carro e o levou ao pronto-socorro de Vicente de Carvalho
Adriano de Souza, filho do comerciante
O que se sabe
- Heitor Santos Pocidonio, saiu de casa no bairro do Pae Cará na manhã do dia 1° de dezembro para comprar desinfetante e cloro para a avó;
- Segundo a família, ao chegar ele pediu água e recebeu de um funcionário do estabelecimento uma garrafinha plástica sem rótulo -- o comerciante diz que o jovem pegou ele próprio uma garrafa e bebeu a soda cáustica mesmo após ter sido foi alertado;
- Ao beber, teria sofrido um "mal súbito", segundo consta do registro da ocorrência feita no 2° DP de Guarujá;
- Ele foi levado às pressas para o pronto-socorro da cidade e depois encaminhado para o Hospital Santo Amaro, onde ficou internado;
- Ele recebeu alta no dia 12 e continuou a se recuperar em casa, alimentando-se de líquidos e frutas;
- No último sábado (7), seu quadro de saúde piorou e ele foi levado à Casa de Saúde do Guarujá, onde ficou novamente internado;
- Na segunda-feira (9), ele passou mal durante uma endoscopia e teve que ser levado à UTI. Segundo a família, ele teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
"No dia 1° de dezembro, um jovem apareceu no comércio e pediu para comprar desinfetante. Enquanto aguardava para ser atendido, outro cliente havia pedido um frasco de soda cáustica. O funcionário colocou dentro de uma sacola preta e deixou o líquido no chão, próximo a esse cliente", afirma o filho de Severino Bernardino do Nascimento, 65, dono do estabelecimento.
Ele disse também que o pai conhece os familiares do rapaz e que ainda ontem a madrinha dele esteve no estabelecimento para entender melhor o que havia ocorrido.
"Meu pai é um comerciante conhecido na cidade, porque o comércio dele vende peças de eletrodomésticos que em nenhum lugar tem, como peças de fogões antigos. Ele é idoso e está muito preocupado com tudo que aconteceu, principalmente pela perda de um jovem assim tão rapidamente."
Adriano disse ainda que o pai estava sendo informado da evolução do quadro de Heitor. "Soubemos que ele já estava bem, já jogando futebol inclusive. Que apenas estava necessitando de uma dieta à base de líquidos, por ter a boca machucada. Desde o princípio, deixamos claro que estaríamos a disposição, tanto da Justiça como dos familiares, que em nenhum momento nos procuraram".
Áudio gravado pelo primo
Ouvida pelo UOL, a prima de Heitor, Eduarda Cristina Poncidonio Costa, que afirmou que a garrafa foi dada ao adolescente após ele ter pedido um copo de água para beber, disse hoje que chegou a gravar um áudio, ainda no hospital, com uma declaração do primo.
""Perguntei se eles tinham cloro e desinfetante, e a mulher (funcionária) disse que sim. Eu perguntei se tinham Casa Limpa (uma marca de produto de limpeza), e ela falou que só teriam Casa Nova", diz o jovem na gravação. Depois ele diz umas frases ininteligíveis e termina dizendo: "Não lembro de mais nada".
Eduarda diz que ter tentado falar com o comerciante, mas que foi aconselhada a não procurá-lo mais para tratar do assunto. "Eu fui ao comércio falar que meu primo estava internado, mas logo o filho do comerciante veio atrás de mim, falando a versão do pai. Ele falou também que tinha notícias do Heitor, que ele tinha uma conhecida que trabalhava no hospital e que meu primo estava bem, que não era para eu ir mais na loja por causa da idade do pai dele."
A Casa de Saúde de Guarujá informou que não poderia se pronunciar sobre pacientes sem autorização da família.
Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) informou que o caso está sendo investigado pelo 2° DP do Guarujá. "A autoridade policial foi notificada do óbito da vítima, um adolescente de 16 anos, nesta segunda-feira (9) e apura rigorosamente todas as circunstâncias da ocorrência. Detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial", diz o órgão no comunicado.
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