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Suspeita de golpe em formatura quer ser cirurgiã e fez vestibular 4 vezes

Alicia entrou no curso de medicina da USP em 2018 - Lattes/Reprodução
Alicia entrou no curso de medicina da USP em 2018 Imagem: Lattes/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

17/01/2023 04h00Atualizada em 17/01/2023 07h31

Suspeita de desviar R$ 927 mil do fundo de formatura dos alunos da Faculdade de Medicina da USP, Alicia Dudy Muller, 25, tentou vestibular por quatro anos seguidos até ser aprovada na instituição pública.

Ela afirma em sua defesa que teria sido vítima de um golpe de uma corretora. O UOL tentou contato com Alicia por e-mail e telefone, mas não teve retorno.

Quem é Alicia Dudy Muller

  • Alicia terminou o ensino médio em 2014 em uma escola estadual no Ipiranga, zona sul de São Paulo, segundo seu currículo. A Escola Técnica Estadual (Etec) Getúlio Vargas, onde se formou, também seleciona estudantes por meio de um vestibular.
  • Ela foi aprovada em medicina na USP quatro anos depois, em 2018.
  • Antes, havia passado em outro curso superior, mas persistiu nas tentativas para medicina porque quer ser cirurgiã, conforme revelou ao Jornal da USP no dia da matrícula.
  • A estudante contou, à época, que a necessidade de sensibilidade e tato para lidar com os pacientes a atraiu para a profissão.

Ainda não tenho muita noção de em que área da cirurgia eu me especializaria, se seria uma neuro ou uma onco. Essas duas são as que mais me atraem, porque ainda há muito o que pesquisar
Alicia, ao Jornal da USP em 2018, no dia da matrícula no curso

  • A mãe dela, na ocasião, também revelou que Alicia tinha feito três anos de cursinho até ser aprovada na graduação de seus sonhos. Segundo a mãe, a família incentivou a escolha por medicina.

Ela passou em farmácia, fez até a matrícula, mas a gente falou para ela: 'Alicia, se você quer medicina, não vá fazer farmácia'
Mãe de Alicia, ao Jornal da USP, em 2018

  • Na universidade, Alicia publicou artigos em parceria com outros colegas sobre intubação de pacientes com covid-19 e outros tratamentos para pessoas com a doença, conforme a página do currículo Lattes.

Aposta em lotérica

  • Colegas publicaram nas redes sociais outro boletim de ocorrência que teria sido lavrado contra a suspeita em julho de 2022.
  • Uma lotérica localizada em um shopping na Vila Mariana, zona sul paulistana, apontou que a jovem fez apostas com valores altos no local, todas pagas por meio de Pix.
  • Um representante da lotérica chegou a procurar a Caixa para saber se as transações eram idôneas. Com a confirmação, as apostas continuaram.
  • Em seguida, a jovem foi ao local para fazer apostas que, somadas, totalizavam R$ 891 mil. Ela tinha somente um comprovante de agendamento de Pix. A gerente interrompeu a transação, mas a suspeita conseguiu fugir do local com cinco apostas de 20 números, que deram prejuízo de R$ 192 mil, segundo inquérito policial.

O caso da USP

  • Uma vítima registrou boletim de ocorrência na semana passada, contando que a universitária, responsável pela comissão de formatura da turma 106 de medicina da USP, desviou o dinheiro da conta, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). A jovem é investigada por suspeita de apropriação indébita.
  • A pessoa afirmou aos policiais que os alunos descobriram a fraude somente no último dia 6, após a suspeita ter afirmado em um grupo de WhatsApp que perdeu o dinheiro arrecadado ao ter aplicado o montante.
  • Ao todo, 110 pessoas foram afetadas pelo desvio. A formatura, a colação de grau e o baile dos formandos estavam previstos para o início de 2024.
  • Mensagens que teriam sido enviadas por Alicia ao grupo de formandos mostravam a jovem pedindo desculpas e buscando soluções para resolver a perda do dinheiro.

Tô arrasada comigo e com a decepção de vocês. Por favor, não me exponham. Só quero tentar passar por isso e voltar a viver
Alicia Dudy Muller

  • Ela chegou a contar que já tinha sido internada por problemas com saúde mental por causa do ocorrido.